CADERNO DE RESUMOS
SECA: LITERATURA, ARTE E ESCRITA
Alaide Angelica de Menezes Cabral
CARVALHO (UERN)
Daniele Ramalho PEREIRA
RESUMO: Nosso trabalho tem como
objetivo principal desenvolver habilidades de leitura literária, (re) escrita
de texto e revisão com base nos romances Morte e Vida Severina, Vidas Secas e O
quinze que abordam a temática da seca, relacionando-as com obras artísticas de
Candido Portinari, Joan Miró e Mestre Vitalino. Para isso, utilizaremos como
aporte teórico os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s, os PCN+ Ensino
Médio e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio e também alguns
teóricos como Antonio Candido (2000), Leyla Perrone-Moisés (2000), e outros que
possibilitem fundamentar esse trabalho. A proposta didática para o ensino de
leitura faz uso da interdisciplinaridade – Ensino de Artes e de Literatura. Ao
fazer uso dessas duas formas de expressão humana no ensino, buscamos fazer com
que os alunos compreendam a temática trabalhada e percebam a importância do
texto literário e das obras artísticas para a sua formação. Consideramos
necessária essa abordagem tendo em vista aperfeiçoar as competências
linguísticas de leitura e escrita, desenvolvimento intelectual, pensamento
crítico e formação ética e cidadã.
PALAVRAS-CHAVE: Proposta de Ensino;
Literatura; Artes; Escrita.
LITERATURA EM PADRE ANTÔNIO VIEIRA: A
RETÓRICA E A ARTE NO SERMÃO DA SEXAGÉSIMA.
Ana Célia Nunes de LIMA (UFCG)
Antônia Beserra da SILVA
RESUMO: O presente trabalho visa expor
o poder da persuasão através da retórica no discurso de Padre Antônio Vieira
dentro do sermão da sexagésima, sendo esse estilo discursivo um elemento
responsável pelo aumento da capacidade de argumentar para convencer, desse
modo, temos dentro do sermão um estilo literário capaz de captar a atenção
integral do interlocutor. Assim, para compreender a mensagem central do sermão
da sexagésima e identificar a arte literária presente nessa obra, faz-se
necessário uma explanação do texto discutido, bem como, cada uma de suas
partes, apresentando assim, aspectos relevantes nos quais identificaremos as
estratégias comunicativas utilizadas, sendo essas, as imagens e metáforas
criadas por ele que tornam o sermão da sexagésima um texto literário de
relevante contexto artístico, já que este é um dos pontos importantes no
enfoque do presente estudo. Para isso, nos baseamos nos conceitos teóricos, de
retórica, Massaud(1928), Matosso(1997), Saraiva(1989), afim de criarmos uma
ponte entre o texto e os diversos sentidos a ele estabelecidos.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura, Arte,
Sermão, Retórica.
NARRATIVAS SOBRE O CALDEIRÃO DO BEATO
JOSÉ LOURENÇO, A LITERATURA DE CORDEL E A BUSCA PELO EFEITO DE REAL
Ana Cláudia Veras SANTOS (UFC)
RESUMO: A história da seca na
literatura de cordel sobre o Caldeirão, a partir dos anos 1970, traz reflexões
acerca da comunidade liderada pelo beato José Lourenço que o enaltecem e acusam
segmentos governamentais de abandonarem o povo à própria sorte, naqueles idos
de 1930, no Cariri cearense. Isso coincide com pensamentos como os de Landim
(2005), ao tratar do enfoque sociopolítico da seca, como também com as memórias
dos remanescentes do fenômeno que evocam as benfeitorias realizadas no
Caldeirão pelo beato no período de estiagem, através de trabalho realizado por
Lopes (2011). A partir dessa simbiose de vozes presente nesses textos,
intencionamos buscar o que Barthes (1972 e 2004) e Compagnon (1999) denominam
de efeito de real. Vejamos que a história do Caldeirão passa através dos tempos
por diversos pontos de vista, especialmente por se tratar de um fenômeno
contraditório quanto sua apreciação pela sociedade, principalmente no período em
que vingou. Desse modo, as narrativas em destaque abordam a temática da seca no
Caldeirão através de ângulos diferentes, trazendo à tona o que o seria o “real”
ou o “verossímil” na história do fenômeno e do seu líder, de maneira que a
representação se realize circunstancialmente através do embate dessas memórias.
Além disso, nas narrativas elencadas, veremos um conjunto de relatos que, se
olharmos pelo patamar da análise do discurso, apontaria para a formação de uma
“nova história”do Caldeirão, que partiu da literatura de cordel, considerada,
de certo modo, marginalizada pela ótica canônica e alcançou perspectivas
literárias consagradas.
PALAVRAS-CHAVE: Narrativas. Literatura
de cordel. Caldeirão. Seca. Efeito de real.
A SITUAÇÃO LINGUÍSTICA ATUAL DA LÍNGUA
PORTUGUESA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Ana Keyla Carmo LOPES (UFC)
Maria Elias SOARES
RESUMO: No presente trabalho,
investigaremos a situação linguística atual da língua portuguesa em São Tomé e
Príncipe, país integrante dos PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa), de acordo com entrevistas retiradas do corpus do PROFALA. Para
isso, seguiremos a noção de língua, de Bakhtin (2000), em que a língua é
entendida como atividade social, histórica e cognitiva; e, no que se refere à
concepção de política linguística, adotaremos as considerações de Calvet
(2007), em que política linguística (responsável pelas relevantes decisões
relacionadas à inter-relação entre língua e sociedade) e planejamento
linguístico (responsável pela implementação da política linguística em
sociedade) designam binômios indissociáveis que devem ser abordados de forma
inseparável em um estudo relacionado à política linguística. Analisaremos um
corpus constituído por vinte entrevistas de estudantes universitários do país
mencionado, especificamente, referentes às duas seguintes questões: “Quais as
línguas que você fala?”; “Em que situações você fala língua portuguesa?”. As
entrevistas fazem parte da amostra do projeto Variação e Processamento da Fala
e do Discurso: análises e aplicações (PROFALA). Em uma análise preliminar, já
verificamos que, em São Tomé e Príncipe, além do português como Língua Oficial,
também são faladas três línguas autóctones: o santome e o angolar, faladas na
ilha de São Tomé; e o lung’ie falado na Ilha do Príncipe.
PALAVRAS-CHAVE: São Tomé e Príncipe;
língua portuguesa; PROFALA.
UMA ANÁLISE FUNCIONALISTA DAS ORAÇÕES
PSEUDORRELATIVAS MODALIZADORAS
Ana Paula Silva Vieira TRINDADE (UFC)
RESUMO: Adotando um suporte teórico
funcionalista, que busca a integração dos aspectos sintáticos, semânticos e
pragmático-discursivos, procuramos analisar o fenômeno designado aqui de oração
pseudorrelativa modalizadora. Em um primeiro momento, apresentamos o fenômeno
investigado, com a proposta de inseri-lo no quadro existente de estratégias de
relativização em Língua Portuguesa. Em seguida, investigamos se tal construção
é contemplada nas gramáticas de abordagens tradicional, estruturalista e
gerativista. Posteriormente, apresentamos a metodologia utilizada para a
constituição do corpus de ocorrências, a coleta dos dados, a definição dos
parâmetros de análise e a utilização do programa computacional na quantificação
e no cruzamento das ocorrências, assim como a teoria que nos serviu de base na
análise dos dados encontrados nos textos que serviram para a composição de
nosso corpus. Por fim, procedemos à análise das ocorrências, levando-se em
consideração a inter-relação entre os aspectos sintáticos, semânticos,
pragmáticos e contextuais que caracterizam ou influenciam no uso das orações
pseudorrelativas modalizadoras.
PALAVRAS-CHAVE: funcionalismo;
estratégias de relativização; modalização; orações pseudorrelativas
modalizadoras
A CONCORDÂNCIA VERBAL DE TERCEIRA
PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS AFRICANO, BRASILEIRO E EUROPEU: ESTUDO
SOCIOLINGUÍSTICO COMPARATIVO PRELIMINAR
Antônia Cláudia Bento DAMIÃO (UNILAB)
RESUMO: Considerando-se as pesquisas e
os estudos sociolinguísticos a respeito da concordância verbal (daqui em
diante, CV) no português brasileiro (PB, daqui em diante) e no português
europeu (PE, daqui em diante), nos quais se evidenciou o emprego variável de
verbos em terceira pessoa do singular e do plural junto de sujeitos de terceira
pessoa do plural (doravante, 3PP) e, além disso, considerando-se, ainda, a
afirmativa de que o fenômeno é característico somente do PB, buscamos neste
trabalho realizar o estudo sociolinguístico preliminar do fenômeno variável de
CV de 3PP no português africano (doravante, PA) e, a partir da análise dos
resultados, angariar mais subsídios para uma possível justificativa das origens
de fenômenos de concordância no PB. O presente trabalho tem como base teórica
os princípios da Sociolinguística Quantitativa Laboviana (WEINREICH, LABOV
& HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 1994), bem como diversos estudos do PB que
apontam como fatores relevantes nesse fenômeno variável: saliência fônica
verbal, animacidade do referente, tipo estrutural do sujeito, paralelismo
formal – em nível oracional e discursivo, posição do sujeito em relação ao
verbo, além do fator social gênero. Para a composição do corpus, realizamos a
coleta de amostras de falas de estudantes africanos da Unilab oriundos de Guiné
Bissau, Angola e Cabo Verde, que foram analisadas qualitativa e
quantitativamente por meio do pacote estatístico GOLDVARB. Das amostras de
fala, podemos observar preliminarmente um percentual bastante elevado de
emprego de verbos em 3PP junto de sujeitos de 3PP, com grande semelhança com o
que se observa em amostras do português europeu. Por outro lado, esses
resultados iniciais diferem dos verificados nos estudos do PB e se aproximam
dos verificados no PE, sugerindo, ainda que de forma bastante primária, que o
fenômeno variável de CV de 3PP no PB não decorreria da influência de línguas
africanas no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Concordância verbal;
terceira pessoa do plural; português africano.
TAREFAS DE TRADUÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO
DOS PROCESSOS COGNITIVOS PELO VIÉS DA HIPÓTESE DA PRODUÇÃO
Antonia de Jesus SALES (UFC)
RESUMO: Este estudo visa investigar a
existência de uma possível interface entre atividades de tradução na sala de LE
e as funções da Hipótese da Produção de Swain. Para isto, o presente estudo
parte do pressuposto de que traduzir é produzir língua, considerando a tradução
como recriação de efeitos de sentido (Santoro, 2011) e, assim, analisaremos se
as funções da Hipótese da Produção emergem durante a atividade de tradução a
ser proposta. Para fundamentar esta investigação teoricamente, recorremos aos
estudos de Swain (1985, 1993, 1995, 1998, 2000, 2010) e outros estudos
referentes à Hipótese da Produção (Swain e Lapkin (1995), Woodfield (1997),
Izumi et al (1999), Ohta, (2000), Izumi (2002, 2003), Shehadeh, (2002, 2003),
Ehsan (2011). A metodologia prevê a condução de um experimento prático com uma
atividade de tradução, em que os participantes da pesquisa serão estudantes de
graduação em Letras-Inglês (20 alunos), na qual estes farão uma atividade em
dupla, gravada em áudio. Com base na transcrição deste, será feita uma análise
para investigar uma possível relação da atividade de tradução proposta e as
funções da Hipótese da Produção de Swain. Portanto, analisaremos se durante a
atividade de tradução, os participantes notam lacunas, formulam hipóteses e
refletem metalinguisticamente acerca da LE/L2.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Cognição.
Língua Estrangeira. Tradução. Hipótese da Produção.
AS EXPERIÊNCIAS DO CURSO DE LÍNGUAS E
CULTURAS CRIOULAS NA UNILAB/CEARÁ
Antonio Gislailson Delfino da SILVA
(UNILAB)
Gilson Lubalo PEMBELE
RESUMO: Esta comunicação pretende
apresentar o andamento preliminar das ações do projeto de extensão Curso de
Línguas e Culturas Crioulas, PIBELPE/PROEX/UNILAB. Os estudantes africanos
possuem seus códigos que os identificam e os unem, assim como os brasileiros,
que realizam, pelo português, seus sensos de identidade e pertencimento.
Entretanto, para que os dois grupos (brasileiros e africanos) se comuniquem, a
língua referenciada é de fato o português. Tal situação gera debates sobre o
papel de uma universidade de caráter internacional na mediação das relações
entre a língua trazida pelo falante e aquela encontrada no seu ambiente de
estudos. A escolha deste projeto em divulgar dois crioulos, um de São Tomé e
Príncipe e outro de Guiné Bissau destaca um viés político-ideológico: os
crioulos, como formas alternativas de comunicação das populações africanas tem
agora um enfrentamento diante da oficialidade da língua portuguesa. A criação
de cursos em que a comunidade acadêmica possa ter conhecimento deste contexto
visa contribuir para a diminuição de um hiato cultural, nos corredores da
instituição: o preconceito. Assim, pretendemos apresentar as primeiras
experiências do projeto: criação de dois cursos de língua crioula na Unilab e a
experiência de campo, com a língua, de um dos bolsistas participantes do
projeto, em viagem à Guiné Bissau.
PALAVRAS-CHAVE: Crioulo; Língua;
Cultura; Guiné Bissau; São Tomé e Príncipe.
ESTRANHAMENTOS DE UM GUIENESSE ACERCA
DO SISTEMA EDUCACIONAL DE ACARAPE (CE)
Benibel Gomes Marques MATCHE
(UNILAB)
Geranilde Costa e SILVA
RESUMO: Esse trabalho traz experiências
de observação e de estranhamentos vividos por um Guineense, no âmbito da
disciplina Fundamentos Psicossociais da Aprendizagem, pertencente ao curso de
Letras, junto a uma escola de ensino médio de Acarape (Ce). Essas observações
tiveram como propósito, de um lado, levar estudantes, brasileiros/as e
africanos/as, a se aproximarem do cotidiano escolar, buscando saber como se dá
a relação discente/professor/a e dos/as estudantes entre si, conhecer a
estrutura física das escolas, verificar a presença, ou não, de atitudes
racistas e/ou preceituosas e tomar conhecimento de metodologias voltadas ao
ensino de Língua Portuguesa. E de outro, levar esses e essas estudantes a
refletirem acerca do Ser Professor no cotidiano escolar brasileiro, em especial
das cidades acima citadas, considerando também suas experiências do tempo que
foram estudantes (no Brasil e em África), e suas motivações pela docência. Por
meio dessas observações foi possível perceber: a) a precariedade física e de
equipamentos de algumas escolas; b) a supervalorização das disciplinas de
Matemática e Língua Portuguesa, em detrimento dos demais componentes
curriculares, em função do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica
do Ceará (SPAECE); c) modo “estranho” dos/as alunos se reportarem aos/as
docentes e entre si, dentre outros aspectos. Por fim, o relato dessas
experiências de observação foi registrado inicialmente em um diário de campo e,
posteriormente tratadas e analisadas em um artigo científico.
PALAVRAS-CHAVE: Escola; Estranhamentos,
Ser professor, O ensino de Língua Portuguesa.
ANÁLISE SEMIÓTICA DO POEMA "QUANDO
TE PROPUS", DE HELDER PROENÇA
Bruno João CÁ (UNILAB)
RESUMO: O trabalho tem como objetivo
analisar o poema de temática anti-colonialista e libertária "Quando te
Propus", escrito pelo poeta e ativista político da Giné-Bissau Helder
Proença e publicado pela primeira vez em 1982. Para isso, utilizamos o arcabouço
teórico da semiótica discursiva, também conhecida como semiótica francesa. Com
ênfase na análise do percurso gerativo do sentido, estudamos os efeitos de
sentido engendrados no poema, observando sua oposição fundamental e suas
características em cada um dos níveis de análise propostos pela teoria de base:
nível discursivo, nível narrativo e nível fundamental. Investigando-os,
compreendemos que, desde a estrofe inicial até o final do texto, o sujeito/eu
poemático se encontra em disjunção com o objeto de valor "vida", de
modo que tal conjunção se apresenta como algo permanentemente buscado por ele.
Assim, conclui-se que o sujeito não chega ao pólo eufórico da oposição
fundamental "vida x morte", mantendo-se em um movimento entre o pólo
disfórico (morte) e a sua negação (não-morte), desde o início do poema até o
fim, sem, contudo, alcançar explicitamente o pólo eufórico.
PALAVRAS-CHAVE: semiótica discursiva;
sujeito; conjunção; disjunção; literatura guineense.
A OBJETIFICAÇÃO FEMININA NAS LETRAS DAS
MUSICAS DE FORRÓ ELETRÔNICO: "SENTA AQUI" E "O BINGO"
Camila dos Santos MAGALHÃES
(UECE-FECLESC)
Isabel Silva NOGUEIRA
RESUMO: O presente trabalho objetiva
analisar as letras de duas músicas de forró eletrônico a partir da perspectiva
dos modos gerais de operação da ideologia propostos por Thompson (1995, pp.
81-9), são eles: legitimação, dissimulação, unificação, fragmentação e
reificação. A primeira letra é Senta aqui, e a segunda é O bingo, ambas
interpretadas pela banda de forró Xereteiros do Forró. Não foi possível
encontar a autoria da segunda letra, apenas a da primeira, que é da banda
Maderada do Arrocha. A proposta é analisar o teor depreciativo dessas letras, a
partir dos modos de operação da ideologia, e o quanto elas colaboram para a
valorização masculina, enquanto a objetificação feminina é reforçada a partir
de ambas as letras analisadas. De acordo com Connel e Messerschmidt (2013),
ambos sociólogos, há uma circulação de modelos socialmente aceitáveis, que são
exaltados pelas igrejas, narrados pela mídia de massa ou celebrados pelo
Estado. Tais modelos, de acordo com os pesquisadores, contribuem diretamente no
processo de construção das masculinidades no discurso. Em nossa análise
apontamos como as referidas letras, sustentam as desigualdades de poder entre
os gêneros.
PALAVRAS-CHAVE: forró; objetificação;
ideologia
PRÁTICAS GESTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA - UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA A HIPÓTESE DO INSUMO
COMPREENSÍVEL DE STEPHEN KRASHEN.
Carlos Eduardo Silva PINHEIRO (UNILAB)
RESUMO: Este artigo visa a analisar a
importância da relação verbo-gestual para o processamento de insumo
compreensível no ensino de língua estrangeira. Para este estudo, convocamos as
considerações de Schütz (2014) e Callegari (2006) sobre o modelo teórico de
aquisição de segunda língua proposto por Stephen Krashen (1985; 1987); a
análise da influência do gesto natural na evolução da competência linguística
do indivíduo humano impetrada por Lima (2012) e o estudo de Pereira (2010)
sobre as relações entre gesto e discurso nos processos cognitivos. As etapas da
nossa pesquisa são assim definidas: identificaremos os gestos das mãos em um
vídeo no qual Krashen realiza dois exercícios em alemão para uma plateia de
falantes nativos da Língua Inglesa. Em seguida, analisaremos os gestos
observados a partir das funções propostas por Lima (2012) e Pereira (2010), a
saber, a desambiguação do conteúdo da mensagem, a organização do discurso, a
marcação de referentes e a exploração da imageria na elaboração do conteúdo da
fala. Embora proposto na década de 1980, o modelo de aquisição de segunda
língua idealizado por Stephen Krashen, conhecido como Modelo do Monitor, ainda
tem sido pouco estudado pela Literatura especializada, principalmente em Língua
Portuguesa, por isso este trabalho também objetiva apresentar a abordagem
teórica impetrada por Krashen.
PALAVRAS-CHAVE: Hipótese do monitor;
práticas gestuais; ensino de Língua Estrangeira.
NA ÉPOCA DO “CALE-SE”, BUARQUE FALOU
Cássia da SILVA (URCA e UERN)
Maria Lúcia Pessoa SAMPAIO
RESUMO: O presente artigo tem como
principal objetivo explorar os recursos literários e tecer uma análise
contextualizada ao período de criação da música “Cálice” do compositor Chico
Buarque de Hollanda. Nesse aspecto, a letra dessa composição será explorada
fazendo paralelos à época da Ditadura Militar. Como a música Cálice foi escrita
na década de 70, precisamente em 1973, além de ser considerada uma das obras
primas de Chico Buarque, seu conteúdo é totalmente metafórico, o que torna a
letra ainda mais rica. Destacaremos nesse trabalho os motivos pelos quais a
utilização de metáforas e de tantas outras figuras de linguagem permeiam essa
composição e como essa música foi recebida na época. A escolha do tema foi
motivada pelas reflexões originadas do contato com estudos sobre a Ditadura
Militar no Brasil e sobre a literariedade nas composições musicais da época.
Dentre as referências usadas na elaboração desse trabalho, destacamos: Bolle
(1980), Verona, Resende e Antunes (2007) e Ramos (1969).
PALAVRAS-CHAVE: Cálice, Chico Buarque,
Ditadura militar, metáforas.
EXPERIÊNCIAS PIBIDIANAS NA SALA DE
AULA: EXPLORAÇÃO DA OBRA NÓS CHORAMOS PELO CÃO TINHOSO DE ONDJAKI
Celeste Cristina de Andrade DELFINO
(UNILAB)
Maurílio Alves ROCHA JÚNIOR
RESUMO: O presente artigo tem como
objetivo apresentar aspectos da cultura africana através do conto "Nós
choramos pelo cão tinhoso" de Ondjaki. Será relatada a experiência de
docência no PIBID-Letras com uma oficina realizada no dia 17 de outubro de 2014
(sexta-feira) das 15h30min. às 16h15min. (4ª aula), sobre o contexto africano
em torno do conto do autor angolano, na Escola Estadual de Ensino Médio Pe.
Saraiva Leão, no município de Redenção - CE, para alunos do 3º ano do ensino
médio. O intuito principal da oficina foi o de apresentar a vida e obra deste
conceituado escritor nascido em Luanda no ano de 1977, membro da União dos
Escritores Angolanos, romancista, contista e às vezes poeta. Vale salientar que
algumas obras do autor foram traduzidas para francês, espanhol, italiano,
alemão, inglês e chines. O propósito da oficina foi trabalhar um texto de uma
escritor africano, inserindo a cultura africana no meio escolar oferecendo suporte
e conhecimento em tono do assunto abordado. A metodologia adotada partiu de
pesquisa bibliográfica e biográfica sobre o autor e sua obra, seguida da
análise do conto "Nós choramos pelo cão tinhoso" (2007). A princípio
fizemos uma breve apresentação da biografia do autor, logo após, foi
apresentado um vídeo do autor, relatando a respeito de sua vida. Em seguida foi
feita a apresentação da obra, sendo realizada a leitura silenciosa e oral. Para
finalizar, instigamos os alunos através de um debate. Em forma de avaliação, os
alunos resolveram uma atividade em que deveriam encontrar trechos que
consideraram mais interessantes e trechos que não entenderam. Os resultados
obtidos, através da oficina, foram satisfatórios, visto que os alunos
colaboraram durante toda a oficina e responderam com atenção e interesse a
atividade (questionamento) proposta no final.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura Africana, Conto
Africano, Cão Tinhoso
PRÁTICAS DE LEITURA EM SALA DE AULA: O
USO DE FILMES E DEMAIS PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS COMO RECURSOS DIDÁTICOS PARA
TRATAR DAS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E COLONIZAÇÃO EM AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Ciro Almeida da SILVA (UNILAB)
Evilásio do Nascimento SILVA
RESUMO: O relato de experiência que se
segue destina-se a apresentar o resultado das reflexões das aulas ministradas
pela Profa. Dra. Izabel Cristina dos Santos Teixeira na disciplina de
Literaturas em Língua Portuguesa VI no Curso de Letras – Língua Portuguesa da
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB.
As aulas foram realizadas entre fevereiro e maio de 2015 no Campus da
Liberdade. De nossa experiência, enfocaremos os recursos didáticos e
pedagógicos para o desenvolvimento de práticas de leitura que tratam das
relações entre literatura e colonização em aulas de língua portuguesa. Tal
relato de experiência é o resultado da compilação das anotações de sala de
aula. A experiência mostra-se pertinente uma vez que apresenta estratégias de
ensino e aprendizagem que abordam questões entre literatura e assimilação e
seus mecanismos de opressão decorridos do processo de exploração colonial na
África. Outros componentes das aulas trataram do Pan-africanismo e das literaturas
da negritude. Nacionalismos africanos e a ruptura com os paradigmas estéticos e
ideológicos coloniais. Esses componentes podem ser estudados com recurso
didático cinematográficos como relataremos em nossa experiência de aprendizagem
que articulou o objeto fílmico com teorias de leitura. Nossa proposta consiste
em apresentar a construção de estratégias simples como, por exemplo, a
construção verificada em sala de aula na universidade. O cuidado com que
organizamos as anotações/organogramas, nos faz acreditar que as estratégias de
ensino criadas podem ser utilizadas em outros ambientes de ensino aprendizagem
de língua portuguesa e contribuir como ferramenta para a efetivação da Lei nº
10.639/03.
PALAVRAS-CHAVE: África;
Cinematográfico; Recursos didáticos
ESPAÇO E CULTURA VISUAL NO MUNDO DOS
MANGÁS: UMA ANÁLISE DE ONE PIECE, DE EIICHIRO ODA
Claudio Henrique Victor PORTO
(UNILAB)
Joanna Cavalcante Pinheiro FARIAS
RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo
problematizar as noções de Espaço e Cultura Visual no território
estético-social do mangá de Eiichiro Oda, intitulado One Piece. A palavra mangá
vem da junção das palavras man (humor) e ga (desenho) e não é, simplesmente,
uma história em quadrinhos ou desenho animado (através do animês reproduzidos na
televisão e sites especializados), mas, antes de tudo, traduz-se num desenho
artístico composto por histórias variadas que em consonância com a cultura
nipônica: “eles se tornaram o principal meio de divulgação da cultura japonesa
no Ocidente. Através dessas obras os leitores podem se aproximar de elementos
como a moda, hábitos, gestos, humor, lições de etiqueta, moral etc.” (FONSECA,
2011, p.138). O mangá One Piece, de modo específico, tem um enredo baseado em
desventuras marítimas, permeadas em conceitos geográficos próprios, por
extensos oceanos, ilhas, vilas, navios, prédios, pontes fora da órbita e lógica
temporal diferente daquela a que comumente estamos acostumados, mas mesmo
assim, possui costumes, falas e representações culinárias comum aos seus leitores.
Seu arranjo geográfico, no geral, é baseado em pequenas massas de terra
denominadas “ilhas”, onde é possível denotar diferentes sociedades, relevos,
climas e culturas; é uma ficção multifacetada, dessa forma, denotamos a ilha de
Water Seven, tal que que apresenta elementos a partir dos quais pretendemos
realizar reflexões críticas da categoria “espaço”, em Milton Santos (2011), e
do percurso discursivo do conceito de “cultura”, com Laraia (2011), quanto a
sua caracterização e percursso discursivo relacionando a comuna italiana de
Veneza. Apesar das inúmeras motivações para se pensar que toda a história foi
fruto do imaginário do autor, ainda é possível ter perspectivas de ligações com
a realidade, como tradição e costumes, o que levantam questões, fazendo-nos
pensar se o autor de fato quis relacionar esses pontos ou One Piece se tornou
sua forma de ver o mundo. Tais instâncias têm proporcionado um estudo
interdisciplinar entre os campos da Literatura, da Geografia e da Sociologia a
partir do reconhecimento dos personagens em suas diversas representações
simbólicas de lugar, natureza, espécies e gêneros humanos. Dessa forma, foram
levantadas hipóteses através das características estético-narrativas da obra.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Mangá;
Espaço
IDENTIDADE NOVA BASEADA NA COLONIZAÇÃO
PORTUGUESA:
UMA LEITURA DE UALALAPI (1987), DE
UNGULANI BA KA KHOSA
Denise ROCHA (UFC/CAPES)
Resumo: O catolicismo e o sistema de
escrita, levados para a ilha de Moçambique pelos colonizadores portugueses, no
século XVI, refletia um modelo de civilização ocidental que fora rejeitada
pelos membros da realeza nguni, que vivia na costa do oceano Índico, na metade
do século XIX. Por meio de um tratado de vassalagem com os lusos, a realeza,
oriunda da África do Sul, aderira ao sistema militar europeu e adquirira
espingardas, bem como enviara os príncipes para realizar estudos em liceus.
Mânua, filho de Ngungunhane (c. 1850-1906), rei de Gaza, vasto território
localizado no sul de Moçambique, tinha ido estudar na Escola de Artes e
Ofícios, na parte insular, onde assimilou a cultura lusa, adquirindo uma nova
identidade. Figura histórica, o rapaz se tornou personagem ficcional no romance
Ualalapi, de Ungulani Ba Ka Khosa, que aborda os onze anos (1884-1895) da
ascensão e queda de Ngungunhane. O objetivo do estudo é analisar, sob o
conceito de identidade (Hall) e de imagem (Burkard), O diário de Manua
(fragmento 5 da narrativa) no qual são revelados os problemas do príncipe
herdeiro, assimilado na cultura portuguesa, que tinha que regressar à sua
família e à sua etnia, as quais tinham um estilo de vida que ele abominava.
Destaca-se a imagem negativa que o jovem tinha de seu pai, o soberano. O texto
escrito depois do retorno do jovem à aldeia natal, na qual ele recusa o genitor
e cai no alcoolismo, revela a ruptura com a tradição oral.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura moçambicana;
Ungulani Ba Ka Khosa; identidade; imagem.
AS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS DAS
TEORIAS DE PIAGET (1975) E VYGOTSKY (1979) PARA O ENSINO DE LÍNGUAS
Douglas Wigner Brasil Maia COUTINHO
(UNILAB)
RESUMO: O objetivo do presente artigo é
discutir métodos e abordagens cognitivistas conexas ao ensino de línguas e os
processos de aprendizagem envolvidos nessas abordagens, assim, fazendo uma
ponta entre as duas teorias. Salienta-se o uso da teoria de Piaget (1975) sobre
o desenvolvimento cognitivo, classificado em quatro etapas, comprovando que os
seres humanos passam por mudanças previsíveis, ordenadas e individuais. Ou
seja, geralmente, todos os indivíduos vivenciam todos os estágios na mesma
sequência; porém, o início e o término de cada estágio sofrem variações, dadas
às diferenças individuais de natureza biológica e/ou do meio social em que o
indivíduo está inserido. No que tange a importância do ambiente sócio
interacional do aprendiz, destacamos a teoria de Vygotsky (1979) que atribui
relevância ao Input no qual o aprendiz está imerso. A justificativa é a
escassez de trabalhos que unifiquem esses estudos ao ensino de línguas e que,
ao mesmo passo, indiquem métodos para levá-los à sala de aula. Para isso,
coletamos o ponto de vista de 16 graduandos/as do curso de Letras-Língua
Portuguesa, através de questionários e realizamos uma análise das respostas.
Como resultado, obtivemos uma maneira conjunta para o melhor e mais efetivo
desenvolvimento cognitivo de uma criança em sala, que ao passar pelos estágios
propostos por Piaget, também adquire um enriquecimento cultural através do meio
em que está inserida, que é o maior ponto da teoria de Vygotsky. Notou-se,
também, que o docente conheça as teorias do desenvolvimento mencionadas,
consentindo o processo de ensino-aprendizagem e, assim, respondendo às
necessidades particulares da natureza infantil.
PALAVRAS-CHAVE: Cognitivismo; Educação;
Ensino de línguas; Letras.
A INTERTEXTUALIDADE ENTRE A MITOLOGIA
GREGA E O CONTO “VIVER”, DE MACHADO DE ASSIS.
Edson Benedito Silva SOUSA (URCA)
RESUMO: Esse artigo tem como objetivo
analisar os traços intertextuais da Mitologia Grega presentes no conto Viver,
de Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira. A
mitologia grega possui histórias riquíssimas e uma infinidade de heróis,
deuses, monstros, seres mágicos, entre outras criaturas, que serviram de
inspiração para muitos escritores e poetas desde a Ilíada e a Odisséia, obras
clássicas, até os textos literários contemporâneos. Analisaremos esses traços
com base no livro de Bulfinch (2015). Segundo Carvalhal (1992), a
intertextualidade abre um novo campo na interpretação literária e traz novas
concepções sobre originalidade. No conto Viver, Machado de Assis não só se
apropria da intertextualidade da mitologia grega, através do mito de Prometeu,
como também das tradições orais cristãs, através da lenda do Judeu Errante.
Machado descreve, no conto, uma conversa entre esses dois imortais citando, no
decorrer da narrativa, personagens mitológicos cheios de significação para o entendimento
do conto. Para trabalhar a intertextualidade, vamos relacionar os personagens
gregos citados, com o próprio conto, abordando aspectos que ligam suas
características com sua função no texto. Concluímos que a presença e a
influência que esses mitos exercem sobre a nossa literatura atual é bastante
considerável.
PALAVRAS-CHAVE: Mitologia Grega;
Intertextualidade; Conto; Machado de Assis.
O PAPEL DO FILÓLOGO NA
CONTEMPORANEIDADE
Elis Larisse Santos GONÇALVES
(UECE/FECLESC)
Camila dos Santos MAGALHÃES
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo
precípuo apresentar as principais atribuições do filólogo nos dias atuais, bem
como discorrer sobre seu objeto de trabalho e sobre a importância desse oficio
tanto para a Filologia quanto para a linguística. Segundo Cambraia (2005), a
Filologia é uma ciência que “ora se identifica com o estudo da história da
língua, ora relaciona-se ainda ao estudo das civilizações a partir dos textos.”
Seguindo o pensamento de Cambraia consideramos de suma importância a apresentação
dessa ciência para os alunos dos cursos de Letras e áreas afins, pois, através
do labor filológico com textos antigos escritos, podemos ter acesso a um
material linguístico que nos proporciona muitas descobertas sobre o processo de
evolução das línguas, bem como nos oferece um amplo aparato teórico para que
possamos compreender a questão da variação linguística como um processo natural
inerente às línguas. Além de novas descobertas, a Filologia também contribui
para a preservação da nossa história, mostrando mais uma vez sua fundamental
importância na atualidade.
PALAVRAS-CHAVE: Filólogo; labor
filológico; língua; Linguística.
A EDUCAÇÃO JESUÍTICA E ASPECTOS
SOCIOCULTURAIS COLONIAIS LUSO-BRASILEIROS NA PERSPECTIVA DE MANUEL DA NÓBREGA.
Évila Cristina Vasconcelos de SÁ (UECE)
RESUMO: No contexto da contrarreforma
religiosa e da conquista dos espaços “luso-brasileiros”, adentrou-se uma ordem
religiosa de cunho educacional e controlador: a Companhia de Jesus. Como objeto
de estudo, temos o escrito do Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), intitulado
em Diálogo sobre a conversão do gentio (1556/1557), no período em que estava
nas terras tupiniquins. Obra esta, de valor pedagógico, caracterizada pela
perspectiva que o sacerdote vivenciou diante ao processo de catequização dos
indígenas. Concomitante ao exposto, a presente comunicação discorrerá sobre o
cotidiano da educação jesuítica nos trópicos. Em relação ao modelo pedagógico,
os jesuítas focavam a metodologia, intitulada de Ratio Studiorum (aplicado
primeiramente em 1548 no Colégio de Messina, na Sicília). Na sala de aula
jesuítica, com cerca de duzentos alunos, o conteúdo era ensinado a todos
concomitantemente, nem mesmo havia a mobiliária, materiais didáticos, isto é,
não se tinha a estrutura da instituição escolar que percebemos atualmente.
Sobre a caracterização deste mecanismo de ensino jesuítico, baseava-se num
conjunto de regras, compreendidas o trinômio: estudar, repetir e disputar,
através de exercícios escolares meramente apenas para a reprodução do
conhecimento, dos quais se remetem diretamente à escolástica medieval: a
Pedagogia Tradicional, que na sua vertente religiosa, tornava a educação
sinônima de catequese e evangelização. Porém, os filhos de comerciantes e
latifundiários portugueses estudavam em Portugal, geralmente em duas
Universidades: de Coimbra e de Évora.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura jesuítica;
educação colonial; sociedade luso-brasileira.
A EFEMERIDADE DO TEMPO: UM ESTUDO
COMPARADO ENTRE “RETRATO”, DE CECILIA MEIRELES E “ESPELHO”, DE MIA COUTO.
Fernanda Maria Diniz da SILVA (UFC)
RESUMO: Este trabalho realiza um estudo
comparado entre o poema “Retrato”, de Cecília Meireles, que faz parte do livro
Viagem (1937) e o poema “Espelho”, de Mia Couto, publicado no livro Idades,
Cidades, Divindades (2007). A finalidade é verificar como a temática da
efemeridade do tempo é desenvolvida nos poemas, uma vez que os dois autores
tecem uma forte reflexão em torno da fugacidade do tempo e da vida, bem como
das mudanças sofridas pelo ser com a passagem do tempo. Para orientação da
nossa análise, o método de procedimento utilizado será o comparativo. Para
tanto, faremos uso das contribuições de pesquisadores como Benjamin Abdala
Junior, Sandra Nitrini e Tânia Carvalhal. O trabalho terá ainda como
fundamentação teórica os estudos desenvolvidos por Pires Laranjeira, Alfredo
Bosi, dentre outros. É importante ressaltar que trabalhos desta natureza
contribuem para o conhecimento das relações estabelecidas entre as diferentes
literaturas de língua portuguesa e para a aproximação dos leitores do Brasil e
de Moçambique.
PALAVRAS-CHAVE: Cecilia Meireles. Mia
Couto. Tempo. Comparativismo
A PROBLEMATIZAÇÃO DA IDENTIDADE NOS
PERSONAGENS HIGINO, DE ARNALDO SANTOS E ERNESTO, DE JOSÉ MARIA ARGUEDAS.
Fernângela Diniz da SILVA (UFC)
RESUMO: A presente análise possui como
objetivo um breve estudo comparativo acerca da construção da identidade dos
personagens Higino, do conto “A menina Vitória” produzido pelo autor Arnaldo
Santos, e Ernesto, narrador do romance Os Rios profundos do escritor peruano
José Maria Arguedas. Ambos protagonistas retratam o conflito com a identidade,
sendo Ernesto e Higino dois garotos que vivem um processo de formação de
personalidade, influenciados por questões socioculturais de suas sociedades e
pela relação que eles vivenciam com outras figuras dos enredos. As obras
possuem em comum a escola como um dos espaços principais, que atua como núcleo
formador e reitera os valores no contexto narrativo. Em Os Rios profundos,
temos Ernesto, um menino que convivia com duas culturas díspares: a ocidental,
marcada pela supremacia branca, católica e a indígena. Já no conto “A menina
Vitória”, do escritor Arnaldo, temos Higino, que presencia na própria sala de
aula a questão da dominação cultural. A narrativa passa-se em Angola.
Apoiando-se nos estudos de Stuart Hall e Maria Aparecida Santilli, analisaremos
o conflito de identidade de Ernesto e Higino, que, apesar de se localizarem em
culturas diferentes, possuem em comum o sentimento de resistência, além de
mostrarem a relação conflituosa do colonizador e colonizado, bem como o uso
divergente da língua. Focaremos também a questão da assimilação e hibridização
cultural nas narrativas.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura angolana.
Identidade. Hibridismo. Assimilação.
AS NOVAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO
DESENCADEADAS PELO ENEM E PELOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE EDUCAÇÃO EM LÍNGUA
MATERNA
Filipe Fontenele OLIVEIRA (UECE)
Hylo Leal PEREIRA
RESUMO: Uma das preocupações nos
estudos de letramento é compreender o papel social da escola quanto ao ensino
de leitura e escrita. Apesar de o Brasil ainda encontrar-se em patamares
preocupantes no desenvolvimento dessas habilidades, é perceptível a
sensibilização nos documentos oficiais para que os docentes revejam suas
práticas de ensino. Enquanto professores da Rede Estadual de Ensino do Ceará,
observamos que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), ao proporem novas
concepções de língua e de linguagem, apostam nesta mudança. Compreendemos
também que o advento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em consonância
ao que apregoa esse documento, influencia na adoção de propostas de ensino de
leitura e escrita mais adequadas à linguagem como instrumento de práticas
sociais e vinculadas ao desenvolvimento das habilidades e competências. A
filosofia desse exame rompe com o tradicionalismo das avaliações e,
consequentemente, do ensino de língua materna, haja vista o caráter diagnóstico
da educação básica associado ao acesso ao ensino técnico e superior.
Reconhecendo tais questões, este trabalho pretende discutir sobre as mudanças
nas estratégias de letramento que passaram a existir a partir da realização do
Enem. Deste modo, para situar o leitor quanto a essas transformações,
abordaremos também os conceitos de avaliação interna e externa e apresentaremos
a relação entre o Enem e as políticas atuais de educação. Acreditamos que este
trabalho pode gerar reflexões quanto ao ensino de língua portuguesa no que
condiz às implicações pedagógicas provocadas por esse exame.
PALAVRAS-CHAVE: Enem; Ensino de leitura
e escrita; Letramento; PCN.
LITERATURA DE CORDEL COMO OBJETO DE
ESTUDO NAS AULAS DE LITERATURA: REFLEXÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS
Francisca Rayane Fernandes da SILVA
(UECE)
Rodrigo de Albuquerque MARQUES
RESUMO: Ensinar literatura requer
dinamicidade, interatividade e ações plurais que desenvolvam as habilidades de
leitura, compreensão e interpretação de textos em seus inúmeros meios,
suportes, gêneros e extensões, tendo em vista a formação literária dos alunos.
Dentre os gêneros literários encontra-se a Literatura de Cordel, poesia popular
em verso que juntamente com a xilogravura, a rima e a métrica transforma-se em
uma manifestação artística e literária importantíssima para o entendimentos de
nossa arte, cultura, história e literária popular. É relevante salientar que
tal manifestação, muitas vezes,deixa de ser trabalhada em sala e também
conhecida pelos alunos. É por meio dessas reflexões que desenvolvemos o
presente trabalho tendo em vista discutir e refletir sobre a aplicação do
Cordel/folheto nas aulas de literatura promovendo questionamentos acerca desse
processo de ensino aprendizagem tendo o mesmo como objeto de estudo.
Utilizaremos como metodologia revisão de literatura acerca de livros e artigos
de relevância acadêmica e científica visando a fundamentação de nossas ideias e
o aperfeiçoamento de nossas concepções dialongando com: Ria Lemaire (2010))
Paul Zumthor (1997), Arievaldo Viana (2009), Irandé Antunes(2003),Vicente
Jouve(2012) e Hélder Pinheiro(2012). Concluimos que formar leitores requer um
trabalho que vise a inserção do aluno em inúmeras experiências, em inúmeros
contextos e acerca de gêneros literários diversos. Inserir a Literatura de
cordel nas aulas é antes de tudo disseminar nossa arte fazendo o aluno conhecer
e despertar para o universo mágico que a poesia popular pode oferecer.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura de Cordel,
Ensino-aprendizagem, literatura
UMA DISCUSSÃO ACERCA DA ECONOMIA DAS
MARCAS DE PLURAL PRESENTES EM NARRATIVAS ORAIS DE ESTUDANTES DE UMA ESCOLA DE
ENSINO MÉDIO
Francisco Rangel dos Santos Sá LIMA
(UNILAB)
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo
analisar, quantitativamente, à luz dos estudos sociolinguísticos Mário Perini
(2010), Marcos Bagno (2001, 2013), Márluce Coan, Raquel Freitag (2010) etc., a
ocorrência da economia nas marcas de plural e/ou redundância destas em
narrativas orais de experiências de estudantes de uma escola de ensino médio de
Redenção-CE, não descartando, no entanto, a interpretação dos dados. Por meio
das gravações das narrativas, de duração de 25 a 30 minutos cada uma, de 10
informantes de uma mesma localidade geográfica, 5 do sexo feminino e cinco do
século masculino, escolaridade (11 a 12 anos), evidenciaremos as ocorrências
dos fenômenos observados a partir de uma visão heterogênea de língua. Desse
modo, ensejamos orientar práticas de como lidar com a variação linguística em
sala de aula, afinal, o aluno deve ‘’aprender na escola que existem modos
diferentes de falar, que podemos ajustar de acordo com as circunstâncias, ’’
sendo, assim ‘’um passo importante na formação de nossos jovens’’
(BORTONI-RICARDO, 2013, p.53-54). Avultamos, a título de explicação, que esta
pequena pesquisa quantitativa não se propõe a evidenciar a universalidade de uma
variedade linguística de jovens estudantes de uma escola pública, haja vista a
insuficiência de dados, mas refletir acerca dos usos tidos como estigmatizados
e prestigiados da variável concordância de número , bem como esclarecer que a
economia das marcas de plural observada pela assinalação do plural no
determinante é, sobretudo, é um fenômeno lógico, comum ao português do
português. Como assinala Perini (2010, p.283), essa regra é seguida ‘’por
praticamente todos os falantes, de todas as classes sociais e de todas as
regiões’’. Os resultados preliminares indicam que o fenômeno da economia das
marcas de plural é vivo e faz parte da variedade falada pelos informantes.
PALAVRAS-CHAVE: Concordância,
Sociolinguística; variação.
O DIABO MEDIEVAL NA FARSA DA BOA
PREGUIÇA.
Francisco Wellington Rodrigues LIMA
(UFC/FUNCAP)
RESUMO: Figura emblemática presente no
imaginário popular europeu, devido à ascensão do Cristianismo como religião
dominante, o Diabo recebeu diversas definições e transformações que o moldaram
através dos séculos. Na literatura dramática brasileira, em especial, no teatro
de Ariano Suassuna, temos de maneira bem significativa a representação residual
de tais representações do Diabo, seguindo os moldes do imaginário cristão
medieval, adaptando-se, segundo as necessidades do autor, à mentalidade do povo
cristão que aqui se constituiu, conforme se encontra na Farsa da Boa Preguiça.
Sendo assim, o intuito deste trabalho é demonstrar os aspectos residuais da
representação do Diabo medieval no teatro brasileiro contemporâneo de Ariano
Suassuna, tendo como método de pesquisa, a Teoria da Residualidade Cultural e
Literária, sistematizada por Roberto Pontes e o método comparativo. Como
resultado, defenderemos a hipótese de que a representação do Diabo no teatro
medieval está residualmente presente no teatro brasileiro contemporâneo de
Suassuna, bem como as questões relativas à mentalidade, o imaginário cristão
medieval, o teatro, a representatividade e os resíduos literários de uma época
para outra.
Palavras-Chave: Diabo; Medievo; Teatro;
Ariano Suassuna; Residualidade.
“A ÚLTIMA TRAGÉDIA”: IDENTIDADE,
MEMÓRIA E COLONIALISMO
Ianes Augusto CÁ (UNILAB)
RESUMO: Conjecturar sobre a questão
político-cultural na Guiné-Bissau é pensar sobre que modo foi construída essa
nação. A Literatura, como criação artística, tem por propósito reinventar a
realidade a partir de amplos olhares, com base em suas aspirações, seus pontos
de vista e suas técnicas narrativas. A reflexão sobre a construção da nação
guineense passa necessariamente pela reflexão acerca do processo da
colonização. Portanto, este trabalho tem como pano de fundo analisar e fazer a
discussão em torno do romance intitulado A última tragédia (2006), de Abdulai
Silá, que construiu seu enredo em torno de três personagens: Bsum Nanki (o
velho “Régulo ”), o professor e Ndani que se entrelaçam na narrativa. A
metodologia baseia-se na análise crítica da obra através de pesquisa
bibliográfica apoiada nos críticos Frantz Fanon, Os condenados da terra (1968);
Moema Parente Augel, O desafio de escombro (2009); Homi Bhabha, o local da
cultura (1998); Rita Chaves, Angola e Moçambique – Experiência colonial e
Territórios literários (2004); Stuart Hall, Desconstruindo a cultura nacional:
identidade e diferença (2004); Terry Eagleton, A ideia de cultura (2003) e
Teoria da literatura: uma introdução (2001). NA última tragédia, dentre outras
coisas, Silá chama atenção a uma releitura sobre o fenômeno do colonialismo,
convidando-nos a uma imersão no passado a fim de ressignificarmos o país no
presente.
PALAVRAS-CHAVE: Palavras-chave: Abdulai
Silá; Literatura guineense; Colonialismo.
DIÁLOGOS E DEBATES INTERCULTURAIS: SOCIEDADE
E RELIGIÃO NOS ESPAÇOS DO ROMANCE O SÉTIMO JURAMENTO, DE PAULINA CHIZIANE.
Joanna Cavalcante Pinheiro FARIAS
(UNILAB)
RESUMO: Este é o resultado de um
trabalho de conclusão de curso para a obtenção de título de bacharel em
Humanidades pela Unilab, o qual foi feito a leitura de uma obra literária e
interpretada a partir de teóricos que trabalham temáticas como cultura e
identidade. O objeto desta pesquisa é apresentar o funcionamento dos embates
culturais entre a tradição (predominantemente percebida no espaço rural) e
modernidade (influência do colonizador português, espaço urbano) dentro da
sociedade moçambicana, precisamente na região de Zavala, localizada ao sul de
Moçambique, e representada no romance O sétimo juramento (2000), de Paulina Chiziane.
A partir da leitura dos estudos de ALTUNA (1985?), foi percebido na obra de
Chiziane que a região é área de domínio do grupo étnico banto, devido suas
práticas sócio-culturais. A história se passa após a conquista de independência
política de Moçambique (25 de junho de 1975) e traz à tona um conflito de
ideais identificado sobretudo no personagem David que, aproveitando-se do
status quo alcançado por sua participação na luta de independência, enriquece e
conquista poderes,na atualidade, a partir de práticasexcusas que contrariam
osprojetos iniciais em prol da emancipação do país. Durante a pesquisa foi
possível interpretar que a aceitação dos valores impostos pelos colonizadores
era uma necessidade que tinha de ser enfrentada pelos nativos, que se encontravam
num processo de alienação, os quais faziam abandonar suas instituição
tradicionais,o que era parte da política imposta pelo poder colonial. A obra
aborda diversos aspectos que tem, por fim, conduzir o debate do processo de
colônia à pós-colônia, que pode ser interpretado como denúncia ao resultado do
processo injusto da colonização, em vários sentidos. A narrativa é um sistema
opressor ao processo de colonização, que deixou rastros aparentemente
enraizados no pós-independência recente de Moçambique.
PALAVRAS-CHAVE: Conflitos
interculturais; Pós-colonialismo; Moçambique.
“CARTA PÁ APOLINÁRIA”: A CRÔNICA NA
LITERATURA SÃO-TOMENSE
Jessica do Rosário BANDEIRA (UNILAB)
RESUMO: Este trabalho é parte da
atividade de monitoria da disciplina Teoria da Literatura I
(IHL/Letras/trimestre 1/2015) que tem como ementa “Concepções de literatura.
Estudo das aproximações e distanciamentos dos textos literários e textos não
literários. Elementos constitutivos dos gêneros lírico, épico e dramático:
noções gerais”. A partir de um texto que denominamos de crônica-carta,
intitulado “Carta pá Apolinária”, da escritora São Deus Lima, de São Tomé e
Príncipe, e das teorias da narrativa e da oralidade, analisamos os três
aspectos que mais se destacaram no texto: o impacto da linguagem nela
utilizada, a questão social e a questão política. Analisaremos a partir desta
carta as peculiaridades sociais e linguística do português são-tomense, pois nela
se encontra uma linguagem denominada pela autora “português-crioulo”, que é um
retrato mais próximo da fala informal de muitos são-tomenses. Essa crônica, por
meio desta linguagem, “português crioulo”, a autora mostra-nos de forma clara
como se pode “escutar” o português falado por uma vasta camada da população
são-tomense. Pretendemos, assim, apresentar uma análise literária objetiva da
crônica-carta e também uma mostra das questões pontuais que a cronista
empreende sobre as mudanças ocorridas na sociedade são-tomense, pois está
presente em todo texto a oralidade do português deste país. Concluímos que, na
crónica, Carta pá Apolinária, Apolinária pode ser alguém ou a metáfora usada
para se referir a uma vasta camada de são-tomenses que vivem no exterior e
querem regressar ao país.
PALAVRAS-CHAVE: Oralidade; literatura
são-tomense; português-crioulo, Conceição Lima
O ABRAÇO DA MORTE EM LYGIA BOJUNGA
Johny Paiva FREITAS (UECE)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é
refletir sobre a encenação da Morte na obra O Abraço, de 1995, da autora
infanto-juvenil Lygia Bojunga. O livro, escrito em forma de jogo metaliterário,
em que ficção e realidade se (con) fundem na malha literária, narra a amarga
experiência sexual vivida por Cristina-criança e refletida na Cristina-adulta.
Dessa maneira, a personagem Cristina, durante a narrativa, terá que encontrar
meios para encarar o abuso sofrido na infância, buscando, entre outras medidas,
encenar um espetáculo-simbólico com a própria Morte. Para isso, Lygia Bojunga desfaz
o interdito instaurado na literatura infanto-juvenil sobre a temática da morte,
de forma a não eufemizar o assunto, ou seja, a escritora não desconsidera a
inteligência e a sensibilidade do público com o qual trabalha.
PALAVRAS-CHAVE: Lygia Bojunga,
literatura infantil, morte.
#SEXOÁGIL: LINGUAGEM, CORPO E POLÍTICA
Jony Kellson de Castro SILVA (UECE)
RESUMO: Objetiva-se cartografar um
devir-mulher na produção do conceito #SexoÁgil, potencializado pela artista
brasileira Karina Buhr, enquanto uma relação entre linguagem, corpo e política,
a partir de uma pragmática menor agenciada na filosofia de Deleuze e Guattari
(2011, 2012); e assim, ao experimentar tal pragmática, problematizar de que
maneira esta, como política minoritária, pode contribuir para um fazer pesquisa
em pragmática linguística. Para tanto, articulam-se os conceitos de palavras de
ordem, como atos de fala atribuídos a corpos; de Corpo sem Órgãos enquanto
criação de corpo à disciplina do organismo; e de máquina de guerra como uma
gramática de revide. Desse modo, com o #SexoÁgil, tem-se o traço de um
pensamento descolonial acerca dos construtos sexuais e das identidades de
gênero, indo de encontro a todo um regime de significação, de disciplinarização
do corpo e de subjetivação. Territórios significantes, organizados e
subjetivados, são desterritorializados por um processo que privilegia o
sentido, a criação de corpo e as singularidades.
PALAVRAS-CHAVE: Pragmática menor.
Devir-mulher. #SexoÁgil.
LITERATURA DA SECA: O ROMANCE A FOME DE
RODOLFO TEÓFILO
José Alberto PONCIANO FILHO (Faculdade
Integrada da Grande Fortaleza)
RESUMO: A seca sempre foi um tema
constante na produção literária Cearense. O romance A fome (1890), de Rodolfo
Teófilo, retrata uma das piores secas do Ceará (1887 a 1879). Essa obra é
considerada precursora da chamada “Literatura da seca”; além disso, Rodolfo
Teófilo em sua obra faz diversas denúncias contra as atrocidades da época
provocada pela seca, como as misérias, as doenças e o descaso do poder público
,fazendo com que a produção literária de Teófilo seja inserida como um romance
Naturalista .Este trabalho tem por objetivo analisar os recursos utilizados por
Teófilo (1890) para que a obra A fome seja considerada um romance naturalista
dos moldes de Émile Zola pela crítica .Como fundamentação teórica foram
utilizados os pressupostos de Carvalho( 2011) ,por compreender que o meio
condiciona os acontecimentos ,onde os personagens são resultados de uma classe
social e das condições de vida .A metodologia do nosso trabalho será
qualitativa e será feita análises de alguns trechos da obra que trazem as características
do Naturalismo .Ao ler a obra A Fome nota-se que Rodolfo Teófilo apresenta
grandes traços do Naturalismo ,como Determinismo e Positivismo fazendo com que
o escritor relate ,com tanta precisão ,as diversas patologias sociais das
grandes secas (1877 a 1879),tornando a obra A fome um dos romances –denúncia de
maior importância da Literatura cearense.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura da Seca,
Naturalismo, Romances-denúncia.
O DISCURSO PORNOGRÁFICO NA
REPRESENTAÇÃO DA MULHER BAIANA NA POESIA ERÓTICA DE GREGÓRIO DE MATOS GUERRA
Jose Edileudo da Silva MORAIS (UNILAB)
RESUMO: O presente trabalho objetiva
analisar o discurso pornográfico e suas reverberações sociohistóricas e
culturais pela análise dos poemas “Mulatinhas da Bahia” e “Co cirro nos estrefolhos”,
que constituem a obra de cunho erótico do poeta baiano Gregório de Matos Guerra
(1623-1696) e tratam, respectivamente, de representações obscenas da mulher
mulata e da mulher negra. Busca-se, através disso, compreender como o poeta
constrói, pelo discurso literário, imagens da mulher baiana seiscentista em
suas convicções pessoais e na interação social que ela estabelece com o espaço.
Objetiva-se também refletir sobre o impacto social dessas representações tanto
no presente histórico de Gregório de Matos como no atual presente histórico.
Para tanto, buscamos como aporte teórico as reflexões de Maingueneau (2010)
sobre o discurso pornográfico em seus diferentes meios e manifestações na
sociedade pós-moderna. A análise mostra que o poeta baiano representa a mulher
de sua terra pelos processos de desumanização/coisificação do ser,
caracterizando-a como objeto sexual, ninfomaníaca, libertina e adepta da
prostituição.
PALAVRAS-CHAVE: Representações da
mulher; Literatura brasileira; Discurso pornográfico.
A ABORDAGEM ESTRUTURALISTA NO ENSINO DE
INGLÊS PARA FALANTES DO PORTUGUÊS E DE CRIOULOS AFRICANOS DE BASE LEXICAL
PORTUGUESA: REFLEXÕES E APLICABILIDADES
José Elderson de Souza SANTOS (UNILAB)
Maria Natalha Morais da SILVA
RESUMO: O Estruturalismo é uma corrente
de estudos da linguística, criada por Saussure (1916), que embasou e embasa
diversos estudos em tal campo do saber. Além do postulado por Saussure, há o
estruturalismo estadunidense (1950), que se embasa, em partes, no behaviorista (1920)
e serviu como ponto de partida para o gerativismo (1957). Partindo dessa
consideração, a presente pesquisa objetiva investigar como o estruturalismo
(sendo enxergado como uma abordagem de ensino de L2) pode ser utilizado no
ensino de inglês para falantes do português e de crioulos africanos de base
lexical portuguesa. Dessa forma, iremos analisar não só a práxis de tal
abordagem, mas também como os alunos, ao se depararem com a abordagem
estrutural, avaliam esse método, a partir do modelo de aula ministrado. Não se
trata, como ressalta Conejo (2007), de defender o uso da abordagem
estruturalista no ensino de línguas ou metodologias mais mecanicistas, mas de
reconhecer a influência do estruturalismo nos diversos métodos com que o
professor de línguas tem contato atualmente; considerando que o professor faz o
uso, em sua aula, não só de uma abordagem, mas adéqua-as de acordo com seus
propósitos. A metodologia constitui-se da análise de uma aula de inglês (cujo
método utilizado é, majoritariamente, estruturalista) ministrada para falantes
do português e de crioulos africanos de base lexical portuguesa. Temos como
base também o diagnóstico, gerado a partir de questionários respondidos pelos
estudantes, que busca observar a receptividade dos alunos a essa abordagem. Os
resultados indicaram um panorama primário quanto à aplicabilidade da abordagem
estruturalista no ensino de inglês para falantes nativos das línguas
supracitadas; dando-nos, assim, uma percepção mais ampla do uso do
estruturalismo aplicado ao ensino de línguas. Ressaltamos ainda que o uso dessa
abordagem, de forma exclusiva e isolada, abre espaço para criticas e
ponderações.
PALAVRAS-CHAVE: Estruturalismo; Ensino
de L2; Português; Crioulo.
O GÊNERO TEXTUAL LITERATURA DE CORDEL
COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA
José Idésio Ribeiro COUTO (UECE)
Veleida Maria Costa COUTO
RESUMO: O presente trabalho, relato de
experiência, tem como objetivo abordar o gênero textual literatura de cordel
como ferramenta didática no ensino da leitura e da escrita de língua
portuguesa. Para isso, foi realizada em sala de aula, uma sequência didática
pelos professores do 4º Ano do Ensino Fundamental, em uma escola municipal de
Fortaleza, Ceará. O trabalho mostra as contribuições da literatura de cordel
desenvolvida com crianças de idade entre nove e treze anos. Para tanto,
buscamos pressupostos teóricos que discutem a inclusão dos gêneros textuais
como ferramenta no processo da leitura e da escrita de língua portuguesa à luz
dos teóricos Cosson (2006), Rojo (2012), Rojo (2015), Bakhtin (1987), Pontes
(2008), Marcuschi (1994), Bronckart (1994), Martin (2000) e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN (2002), diretrizes organizadas pelo governo
federal para orientar a ação pedagógica nas escolas brasileiras de Ensino
Fundamental e Médio. A partir de nossa orientação metodológica, a inclusão da
literatura de cordel, em sala de aula, possibilita ao professor trabalhar novas
habilidades e novos saberes junto aos alunos, incluindo a superação de
preconceitos de ordem linguística e cultural. Como outros resultados
preliminares do trabalho, verificou-se que os cordéis desenvolvidos pela turma
em questão deram “vida” ao interesse dos alunos pela leitura e pela escrita,
por meio do gênero textual estudado, tendo como culminância a socialização das
produções para a comunidade, por meio de apresentação dos trabalhos.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura de cordel,
leitura, escrita, gênero textual.
CORPUS: PROFALA E SUA UTILIZAÇÃO EM
PESQUISAS ACADÊMICAS
Juliana Oliveira Barros de SOUSA (UFC)
Co-autor: Maria Elias SOARES
RESUMO: Nossa apresentação divulgará o
corpus PROFALA: Variação e Processamento da Fala e do Discurso Análises e
Aplicações e suas utilizações em estudos linguísticos. O corpus visa
disponibilizar um banco de dados do português falado em países africanos de
língua oficial portuguesa (os PALOP´s) e no Timor-Leste, de modo a possibilitar
a análise descritiva, sob a perspectiva dos aspectos fonético-lexicais,
morfossintáticos, semântico-pragmáticos e discursivos da Língua Portuguesa,
numa visão sociolinguística, geolinguística e discursiva, além de comparações
relativas a outras variedades da língua, visando a uma discussão de Políticas
Linguísticas para o português, tornando, assim, a consulta dos dados, até agora
coletados, acessível ao público comum e aos estudiosos destas áreas. A
constituição desse corpus surgiu após o ingresso de estudantes africanos e
timoreses na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira (UNILAB) e na Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio da
realização do Processo Seletivo de Estudantes Estrangeiros (PSEE). Para a
elaboração do corpus o Grupo de Estudos Profala adaptou o questionário ALIB
(Atlas Linguístico do Brasil) usado para direcionar as entrevistas feitas com
vinte informantes/ estudantes de cada país, divididos em duas variantes: Tempo
de permanência do Brasil e Gênero. Tendo como base aportes teóricos, como Labov
(1972a) em que as pesquisas sociolinguísticas devem analisar a língua como um
sistema condicionado não apenas por fatores inerentes à langue, mas por fatores
sociais, e Calvet (2007) que apontam para uma política linguística que
considere a inter-relação entre língua e sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: PROFALA; ESTUDANTES
AFRICANOS E TIMORENSES; PRODUÇÕES.
GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADA: UM EXEMPLO
DE USO NA SALA DE AULA.
Kaline Moreira Lemos (UECE/FECLESC)
Clerson Soares Vitor
RESUMO: O presente trabalho objetiva
mostrar uma sequência didática seguindo as orientações a respeito da gramática
contextualizada, de Irandé Antunes (2014), segundo a qual qualquer ponto
gramatical deve ser examinado em contexto, ou seja, a partir da ideia de
funcionamento da língua escrita nos textos escritos em diversos gêneros
textuais em circulação na sociedade. Será exposto um exemplo vivenciado na
disciplina de Prática como Componente Curricular III: O ensino de gramática, no
Curso de Letras da FECLESC/UECE. A proposta é descrever uma aula que
proporcione aos estudantes notar como as figuras de linguagens estão presentes
na publicidade. Assim, busca-se motivar professores a – por meio do material
utilizado, dos procedimentos e do relato de experiência – elaborar sequências
didáticas seguindo a concepção proposta por Antunes, tornando suas aulas mais
significativas e menos amparadas na memorização de regras gramaticais. O
exemplo a ser apresentado mostrará que a gramática não é algo que existe fora do
uso da linguagem, como também a linguagem não existe fora da gramática
(ANTUNES, 2014). Mesmo que o falante não tenha consciência formal das regras e
nomenclaturas gramaticais, toda sua interação, por meio da linguagem, é
regulada por uma gramática que aprendemos no nosso meio social. Portanto, o
professor de língua portuguesa deve desenvolver a competência comunicativa dos
alunos, tratando de melhorar e ampliar a escrita, a leitura e a oralidade
(ANTUNES, 2014).
PALAVRAS-CHAVE: Gramática -
Contextualizada - Ensino – Didática
PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
APLICADAS A UM MINICURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM
Kethleen de Almeida CLAUDINO (UECE)
RESUMO: Dentre as grandes mudanças
ocorridas no cenário educacional brasileiro e as variadas formas de acesso ao
ensino superior destaca-se o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
Representando em números a importância de sua aplicação em todo o país, segundo
dados repassados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira), em 2015, o exame teve um público aproximado de
7,7 milhões de inscritos e 25,5% de abstenções. O ENEM contempla variados
campos de conhecimento que trazem consigo uma noção prática de aplicação e a
área de linguagens se direciona a um lugar de destaque devido principalmente ao
grande número de informações acessadas através de diversas mídias. O presente
trabalho é um relato oriundo da disciplina de Estágio Supervisionado II do
curso de Letras – Inglês da Universidade Estadual do Ceará (UECE), cujo objetivo
era a aplicação de um minicurso preparatório para o ENEM em uma instituição
pública de ensino médio. Para tanto, a metodologia consistiu na discussão dos
tópicos teóricos; constituição de um banco de questões elaboradas pelos
próprios alunos da disciplina; formulação de um projeto de execução do
minicurso; e por fim, a aplicação do mesmo. Os resultados demonstraram um maior
interesse dos alunos participantes do minicurso em exercitar as competências e
habilidades requeridas para o exame e através disso, desmistificou a
dificuldade de se trabalhar a prova de língua inglesa do ENEM. Espero que a
experiência ora relatada possa contribuir para o intenso exercício de formação
de professores e para o ensino/aprendizagem de línguas adicionais.
PALAVRAS-CHAVE: Exame Nacional do
Ensino médio; Minicurso Preparatório; Formação de Professores.
ESTUDO COMPARATIVO DA FUNÇÃO SOCIAL DA
LÍNGUA PORTUGUESA NO DIZER DE ESTUDANTES ORIUNDOS DE ANGOLA E DE GUINÉ-BISSAU
Klébia Enislaine do Nascimento e SILVA
(UFC)
Maria Elias SOARES
RESUMO: No presente estudo,
investigamos, comparativamente, a função social da língua portuguesa, na fala
de estudantes de graduação, oriundos de Angola e de Guiné-Bissau, integrantes
dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs), de acordo com
entrevistas retiradas do corpus do Projeto Variação e Processamento da Fala e
do Discurso: análises e aplicações (PROFALA). O projeto está disponibilizando
um banco de dados do português falado nos PALOPs e no Timor-Leste. Seguimos, nesta
investigação, os pressupostos teóricos da perspectiva sociointeracional,
associada à figura de Bakhtin (2004), na qual a interação linguística deve ser
concebida como um processo sobretudo social, de troca comunicativa, que veicula
valores, crenças, ideologias, na produção de efeitos de sentido entre
interlocutores. Seguimos, também, as pesquisas de Candé (2008), Couto e Embaló
(2010), Intumbo (2012), Oliveira (2013) e Carioca (2014), que abordam questões
referentes á situação da língua portuguesa em contextos lusófonos. Para nossa
análise, utilizamos um recorte constituído por vinte entrevistas de estudantes
universitários de cada um dos países citados, especificamente, elegemos a
seguinte questão que compõe o questionário metalinguístico, adaptado pelo grupo
PROFALA: “Qual a importância da língua portuguesa em sua vida?”. Em uma análise
preliminar, verificamos que, no dizer dos entrevistados, a principal função
social que a língua portuguesa exerce em Angola difere da principal função
social que ela exerce em Guiné-Bissau.
PALAVRAS-CHAVE: Língua Portuguesa;
PALOPs; PROFALA.
PRÁTICAS DO ENSINO DA LÍNGUA
ESTRANGEIRA: EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NA SALA DE AULA DO ENSINO E APRENDIZADO DA
LÍNGUA FRANCESA NA UNILAB
Lamba GOMES (UNILAB)
Filinto Bonté CÓ
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo
relatar as experiências vividas na sala de aula no que se refere ao ensino e ao
aprendizado de língua francesa. O aporte teórico da pesquisa contempla, sob uma
perspectiva crítica do ensino, autores como (Almeida-Filho, 1993), (Germain,
1993), (Paulo Freire, 2001). As experiências didáticas desenvolvidas em sala de
aula para o ensino da língua francesa quando comparada ao processo de ensino de
línguas mais privilegiados aqui no Brasil, como no caso do inglês e do espanhol,
línguas cujo contato dos alunos é mais evidente, nota-se que não se pode seguir
os mesmos modelos usados para ensinar estas línguas, mas tentar buscar um
modelo mais adequado para a língua francesa, razão pelo qual foi possível
resgatar a reflexão de Freire, que advogou acerca da importância de conexão da
aprendizagem e autonomia, tentando incorporar a própria realidade vivida pelos
aprendizados com o novo método que responde evidentemente as necessidades dos
aprendentes. Há, dessa forma, uma complexidade em ensinar uma língua em um
espaço onde ela não é falada com frequência, por vezes os alunos correm o risco
de serem só ouvintes e não colocarem em prática aquilo que estão aprendendo. No
entanto, sob uma perspectiva sócio interacional que leva em conta métodos
conversacionais da língua em uso, os alunos podem mais adequadamente
generalizar as situações vivenciadas para diversas circunstâncias, isto sem
perder de vista as qualidades que um professor da língua estrangeira deve
possuir com o intuito de cativar o interesse dos estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: Língua Francesa;
Ensino-Aprendizado; Desafios.
CLARICE LISPECTOR: ANÁLISE COMPARATIVA
DOS CONTOS “AMOR” E “A BELA E A FERA OU A FERIDA GRANDE DEMAIS”
Leandro Lopes SOARES (URCA)
Cássia da SILVA
RESUMO: Clarice Lispector é uma das
maiores vozes da Literatura Brasileira. Seus textos chamam a atenção do leitor
por suas características singulares e por sua linguagem particular e sedutora.
Famosa por criar personagens aparentemente comuns, porém cercadas de conflitos
existenciais, a autora consegue descrever minuciosamente o psicológico das
mesmas, direcionando as atenções para os efeitos causados por determinado fato
do que para o fato em si. O presente trabalho tem como objetivo principal fazer
uma análise comparativa entre os contos Amor e A Bela e a Fera ou A Ferida
Grande Demais, estabelecendo relações de semelhança e diferenças entre estes
dois textos, baseando-se em alguns estudiosos da literatura lispectoriana,
Kadota (1997), Rosenbaum (2006), Lima (2009), entre outros, à luz de Nitrini
(1998) e Carvalhal (1999). Inicialmente faremos um breve apanhado sobre a
história do conto apresentando as principais características desse gênero
textual. Em seguida analisaremos cada conto separadamente, destacando seus
pontos principais e as epifanias existentes em cada um. Por fim compararemos os
dois textos e apresentaremos as conclusões a que chegamos sobre nossos estudos.
Concluímos que os contos, além de partilharem pontos em comum, dialogam também
com outros escritos da autora e de outros escritores comprovando assim a forte
inspiração que uma obra tem sobre outra na atividade literária.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Clarice
Lispector; Conto; Epifania.
USOS TRANSIDIOMÁTICOS E IDEOLOGIAS
LINGUÍSTICAS
Marcos Alberto Xavier BARROS (UECE)
RESUMO: Este trabalho pretende
investigar como os usos transidiomáticos, no contexto dos novos arranjos
comunicacionais via Internet, se relacionam a ideologias linguísticas. Partindo
de uma visão crítica de linguagem, que questiona a noção de pureza da língua,
estamos experienciando novos contextos de uso da linguagem no mundo virtual, o
que tem levado muitos autores a dizer que vivemos em uma Superdiversidade
(VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT; RAMPTON, 2011). As ideologias linguísticas
(BLOMMAERT, 2014) perpassam todas as práticas linguajeiras, e, no mundo
virtual, há vários elementos multimodais que permitem múltiplas compreensões.
Após a discussão teórica do construto Superdiversidade / usos transidiomáticos
e da consideração acerca das ideologias linguísticas, serão analisadas imagens
de postagens da Internet, que permitem exemplificar essas novas relações via
rede.
PALAVRAS-CHAVE: Usos transidiomáticos;
Ideologias linguísticas; Internet.
HISTÓRIA E LITERATURA NO CONTEXTO
MOÇAMBICANO
Maria Cesalânia Pereira dos SANTOS
(UNILAB)
RESUMO: A proposta deste trabalho é
discutir sobre o que é História e o que é Literatura e refletir sobre o alcance
e os limites entre esses dois campos na obra Vinte e Zinco de Mia Couto (1999),
Se consistir em dois campos de conhecimentos distintos, de que modo eles
dialogam? Como a História pode ajudar na compreensão de um texto literário e
vice e versa? A literatura é uma área que tem por popularidade narrar eventos
ficcionais enquanto que a história por se tratar unicamente dos acontecimentos
verdadeiros e incontestáveis. O registro literário do 25 de abril, a Revolução
dos Cravos, tal como se manifestou e foi sentida pelos moçambicanos. Apontar-se
as questões que esses campos de conhecimento convergem e divergem e, o que podem
ser considerados de história na versão de Mia Couto. A metodologia baseia-se na
leitura bibliográfica através dos autores como: José Veríssimo, Benjamin Abdala
Junior e Luiz Costa Lima, Linda Hutcheon que discutiram o assunto. Portanto,
através dos diálogos e de várias acepções do termo Literatura e História,
nota-se que esses dois ambientes de narração dialogam. E o estudo mostra como o
texto literário usa dos recursos que legitimam os acontecimentos históricos
para sua narrativa literária. O evento é único mais a maneira de discursar
resulta em varias versões.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura e História;
Moçambique; Vinte e Zinco.
RELAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: UM DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR
Maria Marilene Banhos NOGUEIRA
(Universidade Federal do Ceará)
Co-autor: Anna Karina Cavalcante de
OLIVEIRA
RESUMO: O relato de experiência
refere-se ao projeto Núcleo de Estudos de Gênero, desenvolvido na Escola
Estadual de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, de Fortaleza, desde março
de 2015. A proposta preliminar consistiu em realizar uma reflexão acerca das
relações existentes entre educação e a categoria gênero. Como pensar as
relações sociais associadas ao debate de gênero na escola? O projeto segue
formatos de pesquisa, roda de leitura, roda de conversa, oficina, dramatização,
palestra, cine debate, aula de campo, história de vida, etc. As metas do
projeto consistem em ampliar a investigação, o senso crítico e a visibilidade
da temática na escola. Um referencial teórico crítico-reflexivo sobre a
temática está em processo de formação. De um lado, Eva Alterman Blay ao afirmar
que a escola não pode se isolar dos processos culturais na busca de uma
equidade de gênero; do outro, o estudo das ideias de Mirian Pillar Grossi, que
compreende gênero como construção cultural das características de masculinidade
e feminilidade. Diante deste quadro, os resultados preliminares em análise na
escola são: projeto como decisão política, com fortes repercussões pedagógicas;
convite do grêmio estudantil para uma roda de conversa sobre gênero e
sexualidade; solicitação de debates sobre diversidade, machismo e homofobia; e
identificação da violência contra a mulher como conteúdo curricular de domínio
das educadoras envolvidas no projeto. A perspectiva pedagógica garantiu uma
ação interdisciplinar. Ademais, o registro segue na busca de aproximação, para
o exercício da questão de gênero, com a base que vai garantir sua
sustentabilidade: ‘alunxs’.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero. Educação.
Ensino Médio. Escola Pública. Estudos Interdisciplinares.
AS FORMAS DE TRATAMENTO ENCONTRADAS NAS
FALAS DOS PLAYERS (JOGADORES E NARRADORES DE JOGOS DE VÍDEO GAME DO YOUTUBE)
Maria Mayara Gomes de OLIVEIRA (UFC)
RESUMO: Este trabalho objetiva analisar
as formas de tratamento encontradas nas falas dos players, que são jogadores e
narradores de vídeo game nas plataformas de PS3, PS4 e XBOX 360, XBOX ONE.
Seguindo o modelo de análise da variação linguística, proposto inicialmente
pelo americano Willian Labov, em suas cinco etapas que têm o objetivo de
sistematizar o “caos” provocado pela língua falada como um sistema devidamente
estruturado que propicia a formulação de regras gramaticais variáveis, a partir
do sistema linguístico de probabilidades. O estudo sociolinguístico
quantitativo foi feito a partir das análises de vídeos encontrados no canal
aberto Youtube. Dentre os fatores levados em consideração estão: as regiões a
qual pertenciam os players, onde ficou constatado que somente nas regiões sul e
sudeste existiam corpus minimamente suficientes para serem analisados, as
diferenças entre os anos em que foram “postados” os vídeos, que revelou que os
primeiros vídeos de cada players apresentavam uma porcentagem pequena do uso de
formas nominais de tratamentos e ,nos vídeos mais atuais, o numero de formas
mais que duplicou, já que os fatores como a idade e a diferença de sexo não
foram levados em conta, pois os players escondem sua real identidade e a maior
parte das análises encontradas eram de pessoas do sexo masculino, enquanto as
de sexo feminino eram de menor número, não sendo possível a formação de um
corpus.
PALAVRAS-CHAVE: variação;
sociolinguística; players; quantitativo.
AS CRÔNICAS NO COTIDIANO ESCOLAR
Maria Selta PEREIRA (UECE)
RESUMO: O presente trabalho surgiu após
a proposta de projeto de Leitura do Escritor Laé de Sousa. Este dava o suporte
para o desenvolvimento do projeto com os recursos: livros didáticos de sua
coleções e já pertencente aos seus projetos, fichas, questionários e foldes. E
subsídios para orientações pedagógicas para os professores da área específicas
tais como Português e Literatura. O projeto foi aceito pelos professores e
tinha como tema “Minha Escola lê”, visando incentivar os educandos a despertar
para o prazer de lê, e fazer que este se reconheça como parte da sociedade que
exige de cada um, que sejam bons leitores. Metodologia utilizada foram
atividades relacionadas ao projeto, pesquisa bibliográfica, construção do diário
itinerante e o uso do paradidático “Nos Bastidores do Cotidiano”, de Laé de
Sousa, que traz diversas crônicas como suporte para leitura. E foram
participantes 120 alunos do 6º ano A,B,C,D. Para refletir as ações colaborativa
trouxemos como referencial Cavalcnte(2002) que subsidia com encantamento da
literatura no cotidiano da criança e da
juventuide,Cunha(1974),Machado(2001),Cassany(2008), que traça todo um
conhecimento nos diferentes textos e suas construções e por fim Jolibert(2006)
que dar a continuidades da construção do processo da leitura e escrita para
além dos muros da escola. E outra contribuição de suma importância foram os
resultados satisfatórios diante de uma realidade desafiadora no processo da
leitura e escrita.
PALAVRAS-CHAVE: Crônicas. Leitura.
Escrita.
ESTRATÉGIAS NA APRENDIZAGEM DA
PRONÚNCIA DO ESPANHOL POR ALUNOS BRASILEIROS
Maria Solange de FARIAS (UERN)
RESUMO: A primeira tentativa de
definição de estratégias foi feita por Selinker (1972) ao afirmar que existe na
mente do aprendiz uma estrutura psicológica latente que se ativa quando o
adulto tenta produzir ou entender orações em uma língua diferente da sua. No
seu estudo, destaca as estratégias como dois dos cinco processos centrais que
se ativam quando o estudante tenta aprender uma língua estrangeira. A partir de
então, as estratégias costumam ser entendidas como procedimentos e planos
mentais utilizados pelo aluno para facilitar e promover o processo de aquisição
ou comunicação na língua que aprende. Levando em consideração a importância, no
contexto da abordagem comunicativa, das estratégias para o processo de
ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, esta pesquisa tem como objetivo
analisar que processo estratégicos de aprendizagem e comunicação utilizam os
estudantes brasileiros ao aprender a pronúncia do espanhol e mostrar as
impressões desses estudantes sobre as facilidades/dificuldades na aprendizagem
da pronúncia desse idioma. Esta pesquisa se caracteriza como qualitativa
descritiva porque descreve os processos psicológicos subjacentes à aprendizagem
do espanhol sem fazer nenhuma interferência no fenômeno; nela, utiliza-se como
instrumento de coleta de dados uma entrevista aplicada a 30 alunos de dois
níveis distintos de aprendizagem. Os resultados permitem afirmar que na
ausência de conhecimentos sobre a pronúncia do espanhol, os aprendizes
brasileiros, nos dois níveis de aprendizagem, fazem uso do ensaio como processo
estratégico de aprendizagem e da redução funcional, da cooperação e da
recuperação como estratégias de comunicação.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem.
Pronúncia, Estratégias.
BREVE ANÁLISE DA ABORDAGEM DO GÊNERO
ARTIGO ACADÊMICO EM MANUAIS DE ORIENTAÇÃO DA ESCRITA CIENTÍFICA
Maria Vanessa Batista LIMA (UECE)
RESUMO: Produzir textos acadêmicos
parece ser uma tarefa bastante complexa, principalmente, para os estudantes
recém-ingressos na universidade (BEZERRA, 2012). Tendo em vista as dificuldades
encontradas por alunos iniciantes na academia no que concerne à escrita dos
gêneros acadêmicos, decidimos analisar alguns manuais de orientação da escrita
científica. Para tanto, apresentamos, neste trabalho, uma investigação prévia de
uma pesquisa de mestrado em andamento no Programa de Pós-Graduação em
Linguística Aplicada-UECE sobre a análise da abordagem do gênero artigo
acadêmico em manuais de orientação da escrita científica. Nesse sentido,
analisamos o capítulo sobre o gênero artigo dos seguintes livros: “Produção
textual na universidade” de Désirée Motta-Roth e Graciela R. Hendes (2010),
“Artigos científicos” de Maurício Gomes Pereira (2014), e o “Manual de artigos
científicos” de Hortência de Abreu Gonçalves (2013). O objetivo deste estudo é
verificar como esses manuais de escrita acadêmica exploram a questão do
contexto de uso social do gênero artigo acadêmico, se fazem referência às
diferenças entre culturas disciplinares. Como embasamento teórico utilizamos os
conceitos de Comunidade discursiva de Swales (1990) e Cultura disciplinar de
Hyland (2000). Preliminarmente, concluímos que essa pesquisa pode dar suporte
tanto aos estudantes como os professores no tocante à escolha de manuais sobre
a escrita acadêmica que auxiliem de forma mais eficaz a produção dos gêneros na
universidade.
PALAVRAS-CHAVE: Artigo acadêmico,
escrita científica, cultura disciplinar
O SAGRADO E O PROFANO NAS UNIDADES
FRASEOLÓGICAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DO PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA.
Maria Viviane Matos de LIMA (UFC)
RESUMO: Estabelecer relações
pertinentes entre fraseologia e cultura é extremamente relevante no processo de
ensino e aprendizagem de uma língu, pois aprender uma língua inclui entender
como se configura sua cultura. Ao se tratar do aprendiz de língua estrangeira
devemos considerar o fato de que esses estudantes enfrentam dificuldades para
compreender algumas expressões em língua não-materna. Devido a sua não
composicionalidade semântica, as unidades fraseológicas requerem uma didática
adaptada ao contexto de ensino para que sua apreensão seja eficaz. Para abordar
o ensino de português como língua estrangeira atrelado aos estudos
fraseológicos, tratamos de fazer um recorte das unidades que dizem respeito ao
sagrado e ao profano. Para mencionar alguns exemplos, destacamos: ave Maria/
Deus me livre/ comer o pão que o diabo amassou/chuta que é macumba etc. Um dos
aspectos que perpassam língua e cultura está relacionado ao campo do sagrado e
do profano. Há, no que concerne aos fraseologismos, uma variada gama de
amostras que apontam para a importância que as unidades fraseológicas
sacralizadas ocupam na constituição de uma comunidade linguística. Além de
fazer um levantamento das unidades fraseológicas sacralizadas do português
brasileiro, pretendemos refletir sobre a importância desses fraseologismos para
o processo de ensino e aprendizagem do português como língua não-materna.
Considerando que essas unidades são marginalizadas nesse contexto de ensino, julgamos
ser pertinente tal reflexão e acreditamos que devemos caminhar rumo a uma
abordagem didática pertinente ao contexto, que poderá ser alcançada se dermos a
devida importância aos estudos fraseológicos.
PALAVRAS-CHAVE: Fraseologia, Português,
Língua Estrangeira, Cultura
DÊIXIS E TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
Marilde Alves da SILVA (UFC)
RESUMO: Os textos sincréticos ou
multimodais são aqueles que associam mais de uma semiose, que instauram uma
necessidade de uma abordagem que contemple o verbal e o não verbal. Isso
implica em mudanças significativas para o estudo do texto. Primeiro, na década
de cinquenta, Jakobson propõe o termo Tradução Intersemiótica (TI), que diz
respeito a possibilidade de transpor um texto verbal para outra semiose. Esse
conceito é desenvolvido na década de oitenta por Plaza. Segundo, Linguística
textual (LT) reviu seu conceito de texto para contemplar os textos não-verbais,
de modo a conceber o texto como atividade interativa de profunda complexidade,
fundamentada tanto pelos elementos presentes quanto por sua forma de
organização, além de postular uma mobilização entre vários saberes e sua
reconstrução (CAVALCANTE; CUSTÓDIO FILHO, 2010). Nossa proposta é verificar
como a dêixis, fenômeno amplamente estudado em LT, é transposta de um texto
verbal para o texto sincrético história em quadrinhos: Moreira Campos em quadrinhos,
publicado em 1995 pelas edições UFC. A investigação revelou que a coerção da
linguagem dos quadrinhos proporcionou ora o apagamento da dêixis ora uma
reestruturação dela a partir do elemento plástico, que algumas vezes é
auxiliado pelo gestual. Para esse estudo nos apoiamos em Cavalcante
(2000,2011,2012,2014), Cavalcante e Custódio (2010), Felix (2012) e Leal
(2015).
PALAVRAS-CHAVE: Dêixis.Tradução
intersemiótica. HQ
IDENTIDADE NACIONAL NA OBRA “A
DOLOROSA RAIZ DO MICONDÓ”, DE CONCEIÇÃO LIMA
Marlene Arminda Quaresma JOSÉ (UNILAB)
RESUMO: Esse trabalho trata de uma
pesquisa acerca da discussão da identidade nacional na obra “A Dolorosa Raiz do
Micondó” (2012), de Conceição Lima. A pesquisa objetiva compreender a relação
existente entre um momento pontual na história de libertação da África: o
massacre de Batepá. Partindo do pressuposto defendido por Said (2005), a arte
literária nos dá a autoridade de construir um sentimento de pertencimento a uma
identidade nacional, promovendo a liberdade humana e o conhecimento. Dessa
maneira, os poemas dispostos nessa obra cumprem o papel de reescrever a
realidade africana e, em particular, a de São Tomé e Príncipe, inscrevendo a
poética de Conceição Lima no processo de compreensão das alteridades e diversidades
sociais do continente africano. A pesquisa bibliográfica foi amparada nos
escritos de pesquisadores e críticos da literatura. Os vazios históricos, no
que diz respeito ao passado, foram reestruturados ao se fixarem no imaginário
de identidade nacional, resgatando a ancestralidade africana e construindo a
identidade nacional híbrida são-tomense.
PALAVRAS-CHAVE: Identidade,
Nacionalidade, Violência.
LETRAMENTO LITERÁRIO DE JOVENS: A
IMPORTÂNCIA DA LITERATURA DE MASSA
Mateus Rodrigues Costa Ramalho de
OLIVEIRA (UFC)
RESUMO: O presente trabalho tem por
objetivo investigar e tecer comentários a respeito da importância da literatura
de massa para o letramento literário do jovem. Devido à atual preocupação dos
profissionais de Letras com o fato de que a escola não vem se mostrando eficaz
na formação de leitores, buscou-se em Todorov (2014) a motivação para que se
aposte na literatura de massa como ferramenta no sentido de desenvolver,
inicialmente, o prazer e o hábito de leitura, permitindo, posterior ou mesmo
concomitantemente, ampliá-lo no jovem, de modo que esse busque também as
leituras literárias, ou seja, a leitura daquelas obras a que se chama
artísticas. Utilizou-se para este trabalho o conceito de literatura de massa
comentado por Sodré (1988), entendendo-o adequado para qualificar as obras que
representam hoje as principais escolhas dos jovens leitores. A partir da
pesquisa bibliográfica realizada, pôde-se então perceber o quanto é necessária
a literatura de massa para a formação de jovens leitores.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento literário.
Literatura de massa. Jovens leitores.
ADULTÉRIO, INVEJA E LOUCURA: OS LAÇOS
DE SANGUE ENTRE AS PERSONAGENS DE DOM CASMURRO E OTELO
Maurílio Alves ROCHA JÚNIOR (UNILAB)
Celeste Cristina de Andrade DELFINO
RESUMO: A presente análise tem como
eixo central buscar evidências de parentescos entre as obras “Dom Casmurro” de
Machado de Assis (1994) e “Otelo” de William Shakespeare (S\N). A justificativa
desta evidência é que o narrador em “Dom Casmurro” (1994) mostra vestígios de
evidências com a peça de William Shakespeare,Otelo (S\N), assim, deduz-se
lanços de semelhanças entre as obras literárias. Deste modo, para que a
pesquisa tendesse a ter um caráter de comparativismo, foi utilizado método de
literatura comparada com os estudos dos organizadores Eduardo F. Coutinho e
Tania Franco Carvalhal (2011), uma vez que tratam este estudo como um elemento
que busca evidências entre obras de literaturas distintas. Também foram utilizados
os conceitos de Norman Friedman (2002), Luís Alberto Brandão Santos (2001),
Anatol Rosenfeld (2011), Roberto Schwarz (1991) e Antoine Compagnon (2012).Os
resultados apontaram que as relações de parentesco entre as obras destacadas
são nítidas, uma vez que ambas mostram o mesmo elemento para o encadeamento do
clímax que é a “traição, ciúme, inveja e loucura”. Bentinho com o seu ciúme
doentio pela sua amada, Capitu, e Iago com a inveja e a vingança de destruir a
tríade amigável e amorosa: Otelo, Desdêmona e Cássio.Conclui-seque existem
elementos de parentescos entre as obras Dom Casmurro (1994) e Otelo (1918). Um
destes elementos é o discurso das personagens, ou seja, Bento Santiago tem
laços de sangue com o astucioso Iago, visto que as próprias ações mostradas na
narração deixam de forma clara uma linha de parentesco com a de Iago, mostrando
o quanto ele quer dizer ao leitor “não me acusem”.
PALAVRAS-CHAVE: Bento Santiago, Iago,
laços de parentescos entre as personagens
A FORMAÇÃO DO OUVINTE COMPETENTE NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA NA EDUCAÇÃO BÁSICA.
Mayara Menezes VIANA (UECE)
Francisco JACINTO JUNIOR
RESUMO: Segundo os Documentos Oficiais
da Educação Básica brasileira, o ensino de Línguas Estrangeiras, no Brasil, tem
uma função social: formar cidadãos críticos. Desse modo, este trabalho, focado
no ensino da língua espanhola, propõe que a compreensão auditiva pode
contribuir significativamente para lograr tal objetivo, já que, se desenhada
adequadamente – selecionando da melhor forma os tipos de input, bem como as
atividades – é possível motivar o estudante e transformá-lo em um ouvinte
competente. Fundamentado em Berges (2004), Lynch (1996), García (2002) e
Skinner (1972), o presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância da
dinamização das formas de ensino, apresentando modelos de atividades tendo por
base a ciência experimental do comportamento, denominada Análise do
Comportamento, no processo de aprendizagem auditiva da língua espanhola por
alunos da escola pública.
PALAVRAS-CHAVE: Ouvinte competente.
Compreensão auditiva. Atividades. Análise do Comportamento.
CLUBE DE FRANÇAIS À l´UNILAB:
DIVERSIDADE LÍNGUÍSTICA COM FOCO NA INTERCULTURALIDADE
Meire Virginia Cabral GONDIM (UNILAB)
Rayne Paula do NASCIMENTO
RESUMO: O contexto multicultural da
UNILAB autoriza-nos a refletir criticamente acerca do ensino e da aprendizagem
de língua estrangeira no sentido de convocar para sala de aula, outras
variações linguísticas, no caso, variações de países do continente africano que
falam o idioma francês. A razão de se considerar não apenas o francês europeu
acontece devido ao contato que o público-alvo manteve com países francófonos de
fronteira. Por essa razão, este trabalho objetiva analisar as variações de
ordem fonético-fonológica de quatro professores/bolsistas e dez estudantes
advindos dos países africanos que participam de Projeto de Extensão: Clube de
Français: francophonie à l´UNILAB do segundo e do terceiro módulo do Francês
Básico. Os leitura dos dados indicam que as variações de “u” como em “t”/y/ no
francês europeu é falada como /u/, uma vez que sofre interferência forte do
português. Esse exemplo estende-se a outras palavras como “vu”, particípio do
verbo “voir” e “lune”, além de muitas outras em que a semi-vogal “u” aparece.
Em vista disso, é relevante salientar que essas variações não se constituem
“erro” de pronúncia, ideia ainda propagada nos cursos em que não valorizam a
diversidade cultural e linguística no ensino, pois são variações legítimas que
devem ser respeitadas e ensinadas, perspectiva baseada no uso e na valorização
da diversidade sociocultural.
PALAVRAS-CHAVE: Língua francesa;
Variação; Ensino-aprendizagem.
O MACHISMO NO CONTO DEVANEIOS E
EMBRIAGUEZ DUMA RAPARIGA EM LAÇOS DE FAMÍLIA”, DE CLARICE LISPECTOR
Michelle Andrade ARAÚJO (UNILAB)
Cintia Raianny CARNEIRO
RESUMO: O Machismo torna-se cada vez
mais inerente. A condição da mulher assume, hoje, um destaque na literatura
universal. No Brasil, a temática começou a ser examinada no final dos anos
sessenta, período em que o feminino se impôs em todas as áreas do conhecimento,
procurando situar as/os principais autoras/es frente à questão da mulher. A
obra de Clarice Lispector constrói suas personagens femininas, inquietas e
insatisfeitas com sua condição de mulher imposta pela sociedade patriarcal.
Historicamente, o homem sempre foi o sujeito central, e todas as outras
posições estavam de certo modo subalternas a ele. No conto, Devaneios e
Embriaguez duma Rapariga, do livro Laços de família, de Clarice Lispector, a
personagem principal absorve todo esse contexto social machista que é refletido
em suas ações cotidianas. Entre devaneios e realidade a história vai sendo
costurada com criticidade. O objetivo do artigo é marcado por preocupações sociais
e questões existenciais, ratificando a falta de importância da mulher na
sociedade contemporânea, por causa do machismo e por si própria, não importando
a época e, sim, somente a formatação com que é demonstrada. Afinal, analisar
pontos feministas, não deve ser considerado apenas político ou social, mas
também literário. E é o que no decorrer desse artigo, será utilizado como fonte
de pesquisa para identificar posições de gênero neste conto.
PALAVRAS-CHAVE: Lygia Bojunga,
literatura infantil, morte.
O TRANSIDIOMA E A MULTIMODALIDADE NA
AULA DE LÍNGUA ESPANHOLA
Michelle Soares PINHEIRO (UECE)
Antonia Dilamar ARAÚJO
RESUMO: O presente trabalho é baseado
em um relato de experiência docente em que trabalhamos com os estudantes o
transidioma e a multimodalidade na aula de Língua Espanhola em uma escola
pública estadual. O objetivo principal foi instigar e sensibilizar para uma
reflexividade linguística (MOITA LOPES, 2013) dos alunos adolescentes da rede
pública de ensino da capital cearense na sala de aula. O referencial teórico é
pautado nos eixos temáticos: superdiversidade e transidioma (MOITA LOPES, 2013;
BLOMMAERT, 2012; BLOMMAERT; RAMPTON, 2011); multimodalidade e multiletramentos
(BEZEMER; KRESS, 2010; JEWITT, 2010; SOARES, 2002; ROJO, 2012). Utilizamos como
aporte metodológico a pesquisa-ação, em que aplicamos uma atividade de produção
de um texto multimodal para cada dupla de alunos e posteriormente analisamos as
produções multimodais dos estudantes. Salientamos que os referidos textos dos
alunos representaram os usos transidiomáticos e a multimodalidade nas práticas
sociais deles. Os resultados foram: os usos transidiomáticos dos alunos foram
permeados pelos idiomas inglês, espanhol, português, “cearensês” e
“internetês”; a maioria dos textos multimodais apresentava elementos imagéticos
e verbais, na construção de sentidos, bem como os alunos lançaram mão de
aspectos modalizadores da escrita, tais como o tamanho, a tipografia e as cores
das letras para realçar significados semióticos; três textos multimodais
representaram as mídias digitais, ou por elementos imagéticos ou por caracteres
escritos. Diante do exposto, acreditamos que os usos transidiomáticos devem
estar presentes, principalmente nas aulas de língua estrangeira, a fim de sensibilizar
os alunos em prol de uma visão sociolinguística emancipatória.
PALAVRAS-CHAVE: Transidioma;
Multimodalidade; Experiência docente.
BIBLIOTECA ESCOLAR: O ESPAÇO PEDAGÓGICO
DE DIREITO LEGALIZADO À LEITURA E À ESCRITA
Midiã Leão OLIVEIRA (Centro
Universitário Tiradentes/Maceió)
Rosilania Macedo da SILVA
RESUMO: Este artigo é parte dos estudos
realizados do Trabalho de Conclusão de Curso da pós-graduação em Inspeção
Educacional, pelo Centro Universitário Tiradentes (Unit), em Alagoas. Partindo
da experiência enquanto docente da rede pública de Maceió e dos conhecimentos
adquiridos na pós-graduação, a pesquisa é guiada pelas problemáticas: Qual são
os obstáculos para a implantação de bibliotecas em escolas públicas? O que
falta para que promovam a real promoção de leitura e de escrita? Objetiva-se a
descortinar os motivos da pouca oferta de bibliotecas em escolas públicas
dentro dos padrões de qualidade pedagógica, preceituados por normativos e
observando a funcionalidade das existentes, no que tange os âmbitos legais e
pedagógicos. O trabalho enquadrado na pesquisa qualitativa, se desenvolveu a
partir da pesquisa bibliográfica incidindo em estudos de autores, como
Kuhlthau(1998) e Campello (2014). E também se apoiou na pesquisa documental, a
partir de estudos da Lei 12.244 de 2010 e resoluções do Comed/Maceió. Diante do
exposto, conclui-se que pode haver desconhecimento dos normativos sobre o dever
de ser implantadas bibliotecas dentro de padrões que proporcionem aquisição e
prazer da leitura e da escrita. Vê-se ainda certa escassez de profissionais
habilitados para o atendimento nesse espaço pedagógico. Isto pode ser um
empecilho na condução da promoção da leitura e da escrita com prazer na escola.
PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca escolar;
Leitura; Escrita; Legalidade; Escola pública.
DA LEITURA PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA ENVOLVENDO O GÊNERO REPORTAGEM E O TEMA DO TURISMO NO SERTÃO
CENTRAL
Miguel Leocádio ARAÚJO NETO
(UECE/FECLESC)
RESUMO: Este trabalho discute o
trabalho com leitura, a partir do foco em gêneros textuais específicos, como
vetor para as práticas escolares de produção textual nesses gêneros. A base
para uma associação entre o ensino de leitura e escrita reside no
interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2009), enquanto teoria que fomenta
uma prática pedagógica situada e que ajuda a construir reflexões tanto sobre a
compreensão de como se processa a leitura (KLEIMAN, 2000) quanto sobre seus
usos escolares, tomando por base suas funções (ANTUNES, 2009) e seu papel nas
interações sociocomunicativas. Além disso, o interacionismo tem contribuído
para o surgimento de reflexões acerca dos processos e estratégias que envolvem
a produção textual (KOCH, 2011). Nesse sentido, objetiva-se associar atividades
que, em geral, têm ocorrido de forma isolada na escola (OLIVEIRA, 2010; ANTUNES,
2003). Tal associação de práticas e saberes pode superar a tradicional primazia
do ensino mecânico de gramática (memorização de normas e nomenclaturas da
variante considerada padrão, Cf. BAGNO, 2015), com resultados mais expressivos
no tocante à promoção da competência comunicativa do aluno. À guisa de
aplicação prática da reflexão iniciada, pensou-se uma sequência didática que
envolve leitura orientada de textos informativos e jornalísticos e promoção do
processo de produção escrita dentro de um tema de interesse social e local –
“Possibilidades para o turismo no Sertão Central cearense” – tendo a reportagem
como gênero textual enfocado. Esta sequência visa a servir de modelo
experimental para a efetivação de um trabalho escolar que envolva as concepções
da interação pela linguagem.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura, Produção
Textual, Interacionismo Sociodiscursivo, Sequência didática
PENUMBRA, DE ADALBERTO NAZARETH, EM O
CONSERVADOR: EDIÇÃO INTERPRETATIVA
Nair Caroline Santos RAMOS (UNEB)
Maria da Conceição Reis TEIXEIRA
RESUMO: Adalberto de Assis Nazareth
(1902-1965), negro, médico, espírita e escritor. Contribuiu ativamente com
textos poéticos para o periódico baiano O Conservador, este, por sua vez, foi
um dos principais meios de difusão cultural do município de Nazaré das Farinhas
– BA, nas primeiras décadas do século XX. Objetiva-se, no presente estudo,
apresentar a biografia deste importante cidadão brasileiro rejeitado por seus
contemporâneos, explanar a relevância dos estudos filológicos para o resgate e
edição “os seus achados”, em especial, dos encontrados nos arquivos públicos,
decadentes e desamparados pelo Estado, e expor uma proposta de edição
interpretativa da prosa Penumbra, resgatada do periódico já citado. O artigo é
fruto do projeto de pesquisa Edição e Estudo dos Textos Literários e Não
Literários Publicados em Periódicos Baianos, idealizado e coordenado pela
Profa. Dra. Maria da Conceição Reis Teixeira.
PALAVRAS-CHAVE: Resgate e edição,
Adalberto Nazareth, O Conservador.
MOSAICOS DE PAPEL: O USO DE MATERIAIS
ALTERNATIVOS NO ENSINO DAS ARTES
Nixon Gleyson Melo de ARAUJO (UECE)
Osnelly Mendonça OSÓRIO
RESUMO: Num mundo em que a
sustentabilidade e a conservação dos recursos são cada vez mais urgentes, a
composição de obras de artes a partir de materiais alternativos ganha cada vez
mais espaço tanto nas artes plásticas, quanto nas salas de aula. Deste modo, o
presente trabalho tematiza a análise do processo de criação de obras nas
Oficinas de Mosaicos de Papel ministradas na Unilab nos anos de 2015 e 2016,
tendo como base a releitura de obras de artes renomadas. A referida oficina usa
materiais alternativos (papel reciclados, jornais, revistas, folders e
materiais promocionais) associando técnicas de mosaicos e de colagem e tem como
objetivo principal o desenvolvimento do senso artístico de cada participante,
como forma de expressão do seu mundo e de sua cultura de forma criativa tomando
contato ainda mais com a história da arte no intuito de gerar um conhecimento e
um aprendizado mais amplo da Arte. No presente trabalho, abordaremos conceitos
técnicos e históricos da colagem, dos mosaicos como arte, dos gêneros
literários e das formas como conhecimento das obras de artes. Abordaremos ainda
os modos como o processo criativo pode favorecer o aprendizado, ampliando a
visão crítica da sociedade e a leitura de mundo dos sujeitos.
PALAVRAS-CHAVE: ensino de artes;
mosaico; colagem; arte criativa.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE
AFRICANIDADE NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO
Paulo Cesar Alves GARCIA (UNILAB)
RESUMO: Este trabalho é um recorte do
projeto de pesquisa desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em
Humanidades da UNILAB e objetiva analisar os conceitos de representação social
e africanidade a partir da análise de textos que integram as coleções de
História indicadas pelo Programa Nacional do Livro Didático do ano de 2015.
Para dar conta deste objetivo, revisitaremos os postulados de Moscovici (1976),
Jodelet (2001), Doise (2001), Abric (1994) e Flament (2001), no que se refere
ao conceito de representação social, e de Munanga (2007), no que se refere ao
conceito de africanidade. Executar-se-á, assim, uma retomada das ideias
fundantes destes autores a respeito dos referidos conceitos, a partir de análise
prévia do corpus de nossa pesquisa. Por fim, levando-se ainda em consideração o
cenário pós-implantação da lei 10.639/03, pretende-se refletir sobre como as
representações sociais relacionadas à africanidade têm sido reproduzidas em
livros didáticos de História selecionados para esta pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: Representação social,
africanidade, livro didático.
MITOLOGIA E A TRADIÇÃO ORAL COMO UMA
DAS PRIMEIRAS FORMAS DE CONHECIMENTO HUMANO
Paulo Henrique da SILVA (UECE)
Renê Fenelon XAVIER
RESUMO: O trabalho a seguir objetiva
levantar uma discussão sobre o papel da mitologia no processo de compreensão de
mundo. A mitologia é uma das primeiras formas de entendimento da realidade, e
para isso, recorre a experiências sensíveis a fim de responder o mundo a sua
volta. Os seres humanos sempre tiveram a necessidade de conhecer. E na
antiguidade não foi diferente, os primeiros homens buscavam suas respostas no
sobrenatural para os acontecimentos cotidianos. Parece-nos nítido, que o homem
primitivo não teria argumentos lógicos, ou sequer tempo, haja vista suas
crescentes necessidades vitais, para debruçar-se sobre questões tão abstratas
como uma divindade que estivesse situada além de seu mundo sensível, apenas
pela busca do conhecimento como um fim em si mesmo. O motivo deve ser mais
palpável e inserido naquele cotidiano difícil e violento onde a sobrevivência
era a maior das preocupações. O que importava de fato era ter um deus para
pedir uma boa colheita, um para o amor, outro para acalmar as tempestades, e
assim sucessivamente. E é nesse contexto que a mitologia adentra em suas
realidades, afim de uma explicação do real através do imaginário. Para tal
trabalho utilizamos leituras em diversos autores dentre eles: José Benedito de
Almeida Júnior, Giovanni Reale e Junito de Souza Brandão.
PALAVRAS-CHAVE: MITOLOGIA,
CONHECIMENTO, ORALIDADE
DO ARRAIAL PORTUGUÊS A LISBOA, A
ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS REPRESENTADOS EM HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA.
Rafael Martins NOGUEIRA (UNILAB)
RESUMO: O presente trabalho buscou
analisar a organização dos espaços representados pela estória na obra de José
Saramago, História do Cerco de Lisboa (1989) em contextos históricos distintos,
Idade Média e Século XX, o primeiro, descrito por Raimundo Silva, um revisor,
que contesta a versão oficial do Cerco de Lisboa, que teria se realizado pelos
cristãos, na retomada dos árabes. É-nos, de interesse, perceber as
transformações que ocorreram nestes espaços conforme a distância destes, do
século XII ao século XX. Por meio de uma narrativa portuguesa, “História do
Cerco de Lisboa” (SARAMAGO, 1989), analisaremos os espaços em contextos
históricos diferentes, sua construção e a organização a partir da leitura de
autores como Bachelard (1989), Guattari (1990), Hayden White (1995), Yu Fu Tuan
(1980, 1983) com seu conceito de topofilia e Walter Benjamim (2000), analisamos
a obra “História do Cerco de Lisboa” (1989), de José Saramago. Buscando
discussões pautadas nestes autores e suas ideias de espaços em contextos
históricos e outras discussões levantadas na obra. Percebemos que o espaço e a
sua representação em aspectos como personagens, ações e lugares, fomenta
discussões pertinentes. Cada personagem com suas ações influenciavam os lugares
onde estavam inseridos e desta forma, rendiam uma construção de enredo
ambiental intermitente entre Personagens > Ações > Lugares. Compreendemos
que existe uma ação que interfere na construção do espaço. Estas intermitências
são produzidas pelas ações destes agentes, que sem eles não haveriam distorções
ou reorganizações no espaço, revelando questões pertinentes para as discussões
sobre literatura, meio ambiente, em contextos históricos distintos.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Meio
ambiente; Construção e organização de espaços.
A LITERATURA COMO FORMA DE ENGAJAMENTO
POLÍTICO EM JEAN-PAUL SARTRE - BREVE ANÁLISE EM O MURO.
Renê Fenelon XAVIER (UECE)
Paulo Henrique da SILVA
RESUMO: A reação dos intelectuais,
escritores e artistas diante das guerras é reveladora de sua concepção
filosófica e de seu engajamento político. A novela intitulada “O Muro”, nos
interessa mais particularmente e se destaca, no que se refere à sua relação à
Guerra Civil Espanhola. “O Muro” foi inicialmente publicado na N.R.F. (Nouvelle
Revue Française) em julho de 1937, escrita um ano após o início dessa guerra.
Nesta obra Sartre faz uma crítica ao governo espanhol, porém não se distancia
de sua proposta inicial. Seu engajamento político esta intimamente ligada a sua
concepção existencialista. A principal questão colocada é, de fato, a do
“depois”. A situação encenada por Sartre, a de homens diante de sua própria
morte, permite ao autor introduzir seu ateísmo e sua concepção filosófica da
Existência. O ponto em comum aqui, entre a escrita filosófica e a literatura é
a experiência do conflito. Em Sartre, a existência é vista como uma
possibilidade de escolha intencional da consciência e não um valor
pré-estabelecido. O método é fazer um paralelo entre a filosofia e a literatura
com base na fenomenologia da existência.
PALAVRAS-CHAVE: Sartre, Política,
Literatura
LITERATURA E ORALIDADE: APROXIMAÇÕES
ENTRE TEXTOS AFRICANOS E O CORDEL BRASILEIRO, OLHARES SOBRE A PRODUÇÃO POPULAR
NO ENSINO MÉDIO
Rita de Cássia ALENCAR (UNILAB)
RESUMO: Com as argumentações e
proposições desta comunicação, pretende-se relacionar textos literários
africanos, advindos de produções vinculadas à oralidade, principalmente das
línguas crioulas, à produção literária popular de base oral brasileira, instrumentalizada
pelo cordel no Nordeste. Contribuindo, desta forma, para a construção de um
breve panorama dos desdobramentos das conjunturas sociais e políticas, em
países lusófonos, nas produções de autores como Odete Costa Semedo, na
Guiné-Bissau, e Patativa do Assaré, no nordeste brasileiro, afirmando com isso
as tradições da oralidade também como instrumentos de resistência. Dessa forma,
pretende-se evidenciar as cenas da literatura de resistência nos cordéis
populares e nos poemas africanos. As reflexões deste trabalho, estão ligadas às
vivências do ensino da literatura, nas suas novas possibilidades, aos estudos
propostos pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID
da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira –
UNILAB, no subprojeto de Letras, intitulado “Encontros com África pela via da
literatura”, que desenvolve suas atividades em escolas de ensino médio das
cidades de Redenção e Acarape, estado do Ceará. Cumprindo, assim, a tarefa de
promover e difundir ações relacionadas a promoção da cultura, história e
literatura de África e da diáspora africana. Propiciando assim, experiências
com a literatura africana e afro-brasileira nas aulas de Linguagens/Literatura.
PALAVRAS-CHAVE: Palavras-chave: Cordel;
Oralidade; Práticas de ensino
“QUEM SOU EU?” NÃO SOU O NEGRO(A) DO
“NAVIO NEGREIRO”: O OLHAR SOBRE O NEGRO(A) NOS POEMAS DE CASTRO ALVES E LUIZ
GAMA
Rosely Vieira de JESUS (UNEB)
RESUMO: O presente trabalho visa
discutir sobre a vida e obra de Luiz Gama, um dos autores mais importantes do
século XIX, que se destacou sublimemente na luta pelos direitos dos africanos,
povo do qual era descendente. Pretendemos analisar seu lugar no círculo
canônico brasileiro fazendo um comparativo entre a poesia sua poesia resistente
e sarcástica e a poesia do negro vítima de Castro Alves. Esse trabalho observa
porque Luiz Gama tem seus escritos e feitos ainda pouco discutidos em
detrimento de outros autores como Castro Alves que é considerado o “Poeta dos
Escravos” e constantemente revisitado nos espaços acadêmicos e escolares. Nas
academias por muito tempo não se falava sobre autores negros e poesia negra com
amplitude. Como novos estudos, a Literatura Afrodescendente vem ocupando seu
espaço. Nesse trabalho faremos um breve passeio sobre a trajetória de vida de
Luiz Gama, o espaço que este ocupa e sobre a poesia resistente que tinha como
principal estilo o sarcasmo, utilizado pelo autor com maestria. Assim,
esperamos que esse autor que possui uma obra tão rica, seja analisado e
estudado com mais amplitude em nossas Academias e também nos espaços escolares
pela atualidade de seus escritos e pela contribuição que estes ainda podem dar
no que diz respeito a questões como resistência, poesia, consciência e
identidade.
PALAVRAS-CHAVE: Luiz Gama; Poesia;
Vitimização; Resistência; Castro Alves.
PANORAMA DA LITERATURA AFRICANA DE
LÍNGUA PORTUGUESA
Ruth Moraes ALMEIDA (URCA)
RESUMO: Este trabalho apresenta uma
breve análise de como percorreu a literatura africana de expressão portuguesa,
não só no aspecto territorial, de país em país, mas na perspectiva de como foi
difícil seu grito de libertação cultural. Pretendeu-se através deste trabalho
contribuir para edificação da literatura africana, reconhecendo a negritude
como traço de união, traçado em nosso sangue, fortalecendo-nos. A metodologia
utilizada deu-se através de pesquisa bibliográfica, no qual fundamentou-se nas
obras de ERVERDOSA (S/A), CHAVES (2005), CANIATO (2005), TAVARES (1999),
ROBERTO PONTES (1999), MEDEIROS (1998), Agostinho A. Neto(1976). É necessário
portanto, uma re-memorização do verdadeiro valor do africano na história do
Brasil, reconstruindo nas escolas a História e a cultura africana, no qual está
assegurado na lei 10.639 de 2003, resultados das grandes conquistas de
afros-descendentes brasileiros, valorizando seus ideais, nossa raça e cultura
deve ser repensada pois os africanos aqui no Brasil são o concreto do nosso
passado e espelho para o futuro de uma nova geração livre de preconceitos,
resgatando as contribuições da nação africana nas mais diversas áreas da
construção da nossa história.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Africa;
Cultura Africana; Valorização Cultural
“O REAL E O FICCIONAL EM MEMORIAL DO
CONVENTO, DE JOSÉ SARAMAGO”
Solange Maria Soares de ALMEIDA (UFC)
RESUMO: Memorial do Convento apresenta,
como pano de fundo, o reinado de Dom João VI e a construção do Convento de
Mafra, em Portugal, no início do século XVIII. Neste romance, Saramago não
trata dos grandes feitos do rei ou da onipotência do Convento; e sim dos
esquecidos, dos excluídos, de tudo que foi perdido e destruído em prol da
vontade do Estado e da Igreja, duas instituições dominantes e opressoras. E de
que forma o autor constrói a sua história? Da mesma forma que todas as outras
são construídas: através do que é real e do que é ficcional. Afinal, quem
preenche os espaços vazios existentes em um relato histórico, senão a
literatura? Tem sido assim desde a Ilíada, de Homero. E é deste entrelaçamento
histórico-literário que Saramago faz nascer uma história “verdadeira” e
“mágica”, capaz de desestabilizar um passado idealizado e desvelar “verdades”
ocultas pelos portugueses, ao longo dos tempos.
PALAVRAS-CHAVE: História. Literatura.
Entrelaçamento.
EDIÇÃO DE DOCUMENTOS ANTIGOS: UMA
PRÁTICA PARA A CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA DE UM POVO
Ticiane Rodrigues NUNES (UECE)
RESUMO: A Filologia é uma ciência
interdisciplinar que investiga textos escritos, contribuindo para a preservação
da memória e da história da sociedade quando prepara a edição e o estudo de
documentos conservados em arquivos, passando esses documentos por uma
transcrição que torna o seu conteúdo acessível para leitura e investigação
científica. A coleta de escritos antigos possibilita a constituição de corpora
para pesquisas de linguistas, historiadores e outros pesquisadores que se atêm
aos textos históricos, visto que o estado de preservação do suporte material e
de outras características codicológicas e também paleográficas do testemunho
original dificultam e desestimulam o trabalho com os documentos. Conservar o
patrimônio documental da humanidade através de edições filológicas é possível e
necessário (QUEIROZ, 2006). No entanto, também é preciso ter cuidado ao se
editar um texto, pois já tem sido averiguado que os textos passam por mudanças
no decorrer do processo de sua transmissão (CAMBRAIA, 2005), uma vez que
“editar um texto consiste em reproduzi-lo lançando-se mão de variados graus de
mediação” (TONIAZZO at al., 2009, p. 45). No âmbito dos estudos filológicos
desenvolvidos no Brasil, o tipo de edição mais comumente adotada por grupos de
pesquisa é a semidiplomática (transcrição fiel ao documento com adoção de
procedimentos que facilitem o processo de leitura). Portanto, neste trabalho,
tratamos da edição textual como uma prática preservacionista que visa à
conservação da história e da memória do povo cearense em tempo pretérito,
discutindo os procedimentos que caracterizam o processo de edição, os modelos
de edição e a importância dos textos para os diversos estudos.
PALAVRAS-CHAVE: Edição filológica.
Preservação de documentos. História e memória.
FRASEMÁRIO LITERÁRIO: COLETA,
ORGANIZAÇÃO E DATAÇÃO DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NOS ROMANCES REGIONAIS
Vicente de Paula da Silva MARTINS (UVA)
RESUMO: As obras literárias são uma
importante fonte de registro escrito das expressões idiomáticas. Através das
unidades fraseológicas (dos compostos aos provérbios), sabemos mais sobre a
cultura de um povo, de seu comportamento social e do dialetismo. A presente
comunicação descreve dois trabalhos concluídos de iniciação científica no
âmbito do Projeto Frasemário Literário (FL), de caráter interdisciplinar, por
envolver estudos linguísticos e literários a partir de pressupostos teóricos da
Fraseologia Geral (ZULUAGA, 1980; CORPAS PASTOR, 1996; e FULGÊNCIO, 2008) e a
elaboração de dois glossários fraseológicos.Os glossários foram desenvolvidos
ao longo de doze meses a partir das leituras de dois romances regionais
(OLYMPIO, 1929; e PAIVA, 1952). Primeiramente, foi feita a digitação das duas
obras a partir de suas primeiras edições. Em seguida, foram feitos estudos
fraseológicos e realizado o trabalho de constituição de um corpus escrito de
frasemas regionais (respeitadas as ortografias epocais), separado por capítulo
em cada obra, com a apurada elaboração manual de fichas lexicográficas contendo
as seguintes informações microestruturais: classificação fraseológica,
definição, contexto de uso e eventuais comentários sobre o uso e a gramática
dos verbetes selecionados. Os dados linguísticos levantados revelam um rico
frasemário com entradas bem diversificadas de expressões idiomáticas, na sua
maioria, de cunho regional. Na etapa final da pesquisa, espera-se a reedição
semidiplomática dos dois romances com inserção de um Glossário Regional no
final das referidas obras.
PALAVRAS-CHAVE: frasemário;
regionalismo lingüístico; fraseologia; literatura regional
A LINGUAGEM REGIONAL/POPULAR DE ZÉ
VICENTE DA PARAÍBA: GLOSSÁRIO LÉXICO-SEMÂNTICO DA OBRA “ENRIQUECE O JUÍZO DO
POETA O CAIR DE UMA NOITE NO SERTÃO”
Wellington Lopes dos SANTOS (UFPB)
RESUMO: As letras das canções de viola
configuram-se como importantes instrumentos para os mais diversos estudos de
natureza linguística. A linguagem poética, nessas obras, revela em seus versos
o acervo vocabular inerente a uma determinada comunidade linguística. Nesse
sentido, investigar a linguagem de uma comunidade de falantes é, acima de tudo,
estudar a riqueza lexical proferida por um povo que habita uma região
específica e que apresenta aspectos socioculturais próprios. Nessa perspectiva,
o presente trabalho tem o objetivo principal de elaborar um glossário regional/popular,
de natureza léxico-semântica, da cantiga de viola: enriquece o juízo do poeta o
cair de uma noite no sertão, de autoria do poeta, cantador de viola e
cordelista, Zé Vicente da Paraíba. A obra, gravada no CD Viola e Amigos,
retrata, sobretudo, a vivência do autor no sertão da região nordeste do Brasil.
A fundamentação teórica abarcou os pressupostos da Sociolinguística (COSERIU,
1987), Lexicologia (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001), Lexicografia (BIDERMAN, 2001) e
Semântica (MARQUES, 1996).
PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística.
Semântica. Lexicologia. Lexicografia.
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